sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Justiça argentina exige fontes de jornalistas

A Justiça argentina enviou aos principais jornais do país uma notificação solicitando dados dos jornalistas responsáveis por escrever sobre inflação e a revelação das fontes consultadas por eles. A medida é consequência de uma ação aberta a pedido do governo Cristina Kirchner contra economistas e consultorias que elaboram índice próprio de preços -paralelo ao oficial, sobre o qual pesa suspeita de manipulação por parte da Casa Rosada. Os diários "Clarín", "La Nación", "Página/12", "El Cronista Comercial" e "Ámbito Financiero" receberam nesta semana a notificação do Juizado Nacional Penal. O juiz Alejandro Catania pede aos jornais que forneçam "nomes, endereços, telefones e os contatos dos jornalistas, editores, redatores, que tenham publicado notícias sobre índices de inflação" desde 2006. No documento, a Justiça também pergunta aos órgãos de imprensa se receberam publicidade da M&S Consultores, uma das consultorias investigadas. O pedido gerou forte rechaço da oposição e das empresas jornalísticas. "É mais uma ação do governo contra a liberdade de imprensa, para intimidar os jornalistas e tentar impor um relato único", disse Daniel Dessein, presidente da Adepa (Associação de Entendidas Jornalísticas Argentinas): "O pedido viola ainda a preservação da fonte, um preceito de nossa Constituição". Assim como no Brasil, o sigilo da fonte é garantia constitucional na Argentina. Um integrante do Juizado disse que o pedido é para jornalistas serem ouvidos como testemunhas, não como réus. Autor da ação contra as consultorias, Guillermo Moreno, secretário de Comércio Interior do governo, diz que elas atuam com viés político e infringem um artigo do código penal, cometendo "fraudes de comércio e indústria" ao publicar índices de preços sem rigor científico. Desde o início do ano, oito consultorias receberam multas (que somam R$ 205 mil) por infrações. O governo da peronista populista Cristina Kirchner, além de incompetente e desastrado, não se cansa de apresentar a Argentina ao mundo como a rainha do ridículo.

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