segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Na prefeitura de Canoas, inquéritos policiais são credencial para contratar prestadora de serviço

É notável o que ocorre na prefeitura de Canoas (RS), comandada pelo prefeito petista Jairo Jorge, ex-chefe de gabinete de Tarso Genro no Ministério da Educação. Apesar de os jornais do Rio Grande do Sul estarem recheadas de páginas com reportagens sobre a atuação da empresa Gussil Indústria Comércio e Prestação de Serviços no escândalo de desvio de recursos do pedágio comunitário de Portão (RS), desvendado pelo promotor Marcelo Tubino, de Gravataí, e de passar por uma investigação da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Sul, isso não foi impedimento para o prefeito petista Jairo Jorge ter visto grandes qualidades nessa empresa como especializada na contratação de mão de obra terceirizada e daí ter decidido contratá-la, sem licitação, para prestar serviços ao município. A Gussil, empresa que tem endereços comerciais em Cachoeirinha (o primeiro na rua Beira Rio, nº 200, e o segundo na rua Santa Isabel, nº 45, ambos com o mesmo número de telefone), recebeu contratos para fornecimentos de serventes e merendeiras, os dois na Secretaria da Educação de Canoas. Essas contratações são muito estranhas. Afinal de contas, o prefeito petista Jairo Jorge está em seu terceiro ano de administração, e ainda não foi capaz de programar, planejar, a sua gestão para a realização antecipada das licitações necessárias em cada setor? Contratações de fornecedores de serviços sem licitação são sempre suspeitas. No caso da Gussil, a credencial que deve ter impressionado o prefeito petista Jairo Jorge não é nada abonadora. Esta empresa está envolvida no escândalo dos pedágios comunitários investigado pelo promotor Marcelo Tubino, de Gravataí. Veja o que diz matéria do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 29 de junho deste ano: "Desarticulada quadrilha que desviou R$ 400 mil em pedágio no Rio Grande do Sul - SÃO PAULO - Integrantes de um esquema que desviou, de outubro do ano passado a maio deste ano, pelo menos R$ 400 mil, foram afastados nesta quarta-feira, 29, no Rio Grande do Sul. Os 13 servidores trabalhavam em um empresa terceirizada no pedágio comunitário de Portão para o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). A Gussil, responsável pela praça de pedágio, será substituída, na próxima sexta-feira, 1º, pela empresa Sinarodo, vencedora do processo de licitação. O Governo do Estado também recadastrará os veículos isentos naquela praça de pedágio. Outras 26 pessoas foram afastadas por crime de peculato e formação de quadrilha e a terceirizada teve os bens bloqueados. O MP ainda ingressou com ação de improbidade contra 25 pessoas. A operação é denominada Operação Passe Livre. Na fraude, os arrecadadores reimprimiam os tíquetes de veículos isentos e os repassavam aos condutores que pagavam a tarifa, conta o promotor Marcelo Tubino Vieira, que coordena o grupo de trabalho no município. De acordo com o MP, o arrecadador simulava operar normalmente no seu terminal, mas aproveitava a operação com veículos de placas diferentes das de Portão (isentos) e reimprimia alguns bilhetes para reutilizá-los. "Não digitavam as placas dos veículos no terminal e ficavam com os comprovantes a mais da mesma operação, de maneira que esses bilhetes funcionavam como uma espécie de coringa para todo e qualquer automóvel que passasse por ali", disse Tubino. Cerca de 130 mil tíquetes foram reimpressos na praça de Portão, disse Tubino. Após recolher o dinheiro, o controlador saía de sua sala localizada na torre e se dirigia até a cabine do arrecadador, contou o promotor. "No final do turno, principalmente, o arrecadador ligava para o controlador, que descia até a cabine e lá mesmo faziam a divisão do dinheiro", acrescentou". O editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, tentou nesta terça-feira falar com o secretário de Educação de Canoas, o petista Paulo Ritter, mas seu celular (51-9230-7500) não atende. Conseguiu falar com a sua chefe de gabinete, Romi, mas esta só informou que qualquer assunto da prefeitura tem que ser tratado com a Secretaria de Comunicações. Foi tentada também ligação com o procurador do município, Aloízio Zimer, mas ninguém atendia o telefone da Procuradoria (3462-1515). O Ministério Público de Contas, do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, não vai investigar estas contratações sem licitações? Deve aproveitar e também verificar a situação dos contratos com o setor público de outra empresa também dos mesmos donos, a Confidencial. Às 16 horas o editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, ligou para o celular da assessora de imprensa do prefeito petista Jairo Jorge, Adriana Paranhos Cardoso, para ter a palavra oficial da prefeitura sobre o caso. Até as 18h13m desta segunda-feira não havia recebido retorno.

Nenhum comentário: