sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Partículas mais rápidas que a luz podem representar uma revolução na Física

Cientistas afirmam que a descoberta de partículas subatômicas aparentemente viajando mais rapidamente que a luz podem forçar uma revisão das principais teorias sobre a composição do cosmos, caso seja confirmada de forma independente. Jeff Forshaw, professor de física de partículas na Universidade de Manchester, Inglaterra, disse que, caso o resultado se confirme, seria possível, em teoria, "enviar informações para o passado": "Em outras palavras, o tempo de viagem para o passado se tornaria possível. Mas isso não significa que iremos construir máquinas do tempo no curto prazo". A Organização Européia para Pesquisa Nuclear (CERN) disse que, ao longo de três anos, as medições mostraram que neutrinos bombeados a um receptor em Gran Sasso, na Itália, chegaram a uma média de 60 nanossegundos antes do que a luz teria feito, uma pequena diferença que poderia, no entanto, modificar a teoria especial da relatividade de Einstein, de 1905. "Alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias, e esta é uma afirmação extraordinária", disse o cosmólogo e astrofísico Martin Rees. "É prematuro comentar sobre isso", disse Stephen Hawking, o físico mais renomado no mundo. O professor Jenny Thomas, que trabalha com neutrinos no Fermilab, concorrente do CERN, que fica perto de Chicago, nos Estados Unidos, comentou: "O impacto dessa medida, se fosse correto, seria enorme". O próprio diretor de pesquisas do CERN, Sergio Bertolucci, disse que, se os resultados forem confirmados (pelo menos dois laboratórios separados devem começar a trabalhar sobre isso no futuro próximo), "podem mudar nosso ponto de vista da física". A descoberta abriria intrigantes possibilidades teóricas. "A velocidade da luz é um limite de velocidade cósmica e ela existe para proteger a lei de causa e efeito", disse o professor Forshaw. A equipe do CERN, trabalhando em um experimento chamado Opera, bombeou neutrinos (muitas vezes chamado de partículas-fantasma porque passam através da matéria e de corpos humanos despercebidas) de CERN a Gran Sasso, no sul de Roma, percorrendo uma distância de 730 quilômetors. Ao longo de três anos, e de 15 mil eventos envolvendo neutrinos, um detector enorme no centro italiano em grande profundidade sob uma montanha de pedra gravou o que o porta-voz do Opera, Antonio Ereditato, descreveu como "surpreendentes" descobertas. Ele disse que sua equipe teve grande confiança que haviam medido corretamente e excluiu qualquer possibilidade de alguma influência externa afetando o resultado. Na Teoria da Relatividade Especial de Einstein, que sustenta a visão atual de como o universo funciona, nada pode viajar mais rápido do que a luz (300 mil quilômetros por segundo, ou 186 mil milhas por segundo), porque sua massa se tornaria paradoxalmente infinita. A teoria de Einstein foi testada milhares de vezes ao longo dos últimos 106 anos e só recentemente surgiram breves indícios de que o comportamento de algumas partículas elementares da matéria podem não se ajustar à teoria. Esses indícios foram detectados no ano passado no Minos, experimento com neutrinos do Fermilab. Mas, ao contrário das descobertas do Opera, foram considerados dentro de uma margem normal de erro.

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