quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Na Bolívia, indígenas negam-se a dialogar com o índio cocaleiro Evo Morales

Participantes da marcha dos indígenas bolivianos recusaram-se a se reunir nesta quinta-feira com o ditador do país o índio cocaleiro Evo Morales na sede da vice-Presidência do país, e dizem que só haverá diálogo caso sejam recebidos no palácio do governo. O grupo, que protesta contra a construção de uma estrada que passaria pela reserva do Tipnis (Território Indígena Parque Nacional Isiboro Sécure), chegou a La Paz após 66 dias e cerca de 500 quilômetros percorridos. O ministro da Comunicação, Ivan Canelas, anunciou que o índio cocaleiro Evo Morales os receberia pela manhã na sede da vice-Presidência, já que o palácio do governo está em "processo de reforma". No entanto, os dirigentes indígenas negaram-se a participar do encontro, alegando que o governo disse várias vezes que Morales se reuniria com eles apenas na sede presidencial quando chegassem à capital. De acordo com o presidente da comunidade indígena do Parque Nacional Isiboro Sécure, Fernando Vargas, a negativa é uma "expressão de soberba" do chefe de Estado "que nem sequer saiu ao balcão do Palácio Quemado para saudar a marcha". Os manifestantes chegaram a La Paz dois dias depois de o presidente ter sofrido sua primeira derrota eleitoral desde 2005, em um pleito judicial no qual a oposição impulsionou os votos nulos e em branco, que superaram 60% do total. O Tipnis é uma reserva nacional boliviana de cerca de 1,2 milhão de hectares que deve ser atravessada pela rodovia. Construída pela empreiteira brasileira OAS com financiamento do BNDES, a estrada, conhecida como Transcocaleira, que tem 306 quilômetros, deve custar US$ 415 milhões. As obras foram suspensas no fim de setembro, até que um referendo seja realizado consultando as comunidades locais. Os indígenas são contra a realização de uma consulta popular, pois acreditam que somente as comunidades indígenas diretamente afetadas pela estrada deveriam votar. A proposta de Evo Morales é que o plebiscito seja feito em dois Estados onde produtores de coca leais ao governo são maioria.

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