domingo, 9 de outubro de 2011

Spread bancário atinge maior nível em dois anos

A queda da taxa Selic, que indica os juros básicos da economia, não está se refletindo em juros menores para os tomadores finais de empréstimos e financiamentos. Esse movimento contraditório está sendo impulsionado pelo spread bancário que está no nível mais alto em dois anos, de acordo com o Banco Central. Em agosto, segundo os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central, o spread atingiu 27,8% ao ano, percentual mais alto desde maio de 2009. Se for considerado apenas o crédito para as pessoas físicas, a diferença entre os juros de captação e aplicação correspondeu a 34,4% ao ano, maior nível desde julho de 2009. Em relação aos empréstimos para as empresas, o spread bateu recorde e alcançou 19% ao ano. A taxa média de captação caiu de 12,3% ao ano em julho para 11,9% em agosto. Esse movimento foi influenciado pelo corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic para 12% ao ano decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no fim de agosto. Os juros médios pagos pelos tomadores de empréstimos e financiamento, no entanto, não tiveram a mesma trajetória. A taxa média de aplicação, como o Banco Central chama os juros dos clientes finais, permaneceu em 39,7% ao ano em agosto. De acordo com o professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fabio Gallo, a alta do spread bancário é explicada pelo aumento da inadimplência, que em agosto atingiu o maior nível desde maio de 2010 para as pessoas físicas e o maior nível desde outubro de 2009 para as empresas. Na avaliação do especialista, o aumento da inadimplência é consequência da expansão do crédito experimentada nos últimos anos, acompanhada da falta de planejamento financeiro dos tomadores. "Os brasileiros, principalmente a nova classe C, se endividaram demais para consumir e não conseguem arcar com os financiamentos", declara.

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