terça-feira, 8 de novembro de 2011

Gravação expõe esquema de fraudes na Assembléia do Mato Grosso do Sul

Uma gravação obtida pela Polícia Federal revela detalhes sobre como era operado um suposto esquema de fraudes em licitações da Assembléia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Sem saber que estava sendo gravado, um consultor contratado pela Assembléia e que também prestava serviço a prefeituras do interior do Estado afirma que o setor de limpeza é o que dá mais retorno por ser difícil de "quantificar". "Você não precisa mexer em preço. Preço tem que ser o preço de mercado. O que é que você faz aqui? Você vai medir além daquilo que você fez", diz Guaraci Luiz Fontana, segundo transcrições da Polícia Federal. A conversa foi gravada no dia 14 de junho de 2010 pelo jornalista Eleandro Passaia, à época secretário de governo da prefeitura de Dourados (MS). Atuando como infiltrado após um acordo com a Polícia Federal, Passaia tentava negociar com Fontana um serviço semelhante ao que ele supostamente prestava aos deputados. "Varrição de rua por metro linear, certo? Se falar para mim: eu varri um quilômetro da avenida para chegar na prefeitura. Como é que eu vou chegar e falar que você não varreu?", diz o consultor. Fiscal concursado da Secretaria de Fazenda, Fontana foi cedido à Assembléia em fevereiro de 2009. Em julho de 2010, a empresa Romero & De Paula Ltda foi contratada com dispensa de licitação para prestar consultoria em processos de "Suprimentos de Fundos" da Assembléia. Um dos sócios era a mulher do consultor. "Fizemos limpeza do prédio. Fizemos jardinagem. É telefonia, advogado. Tem mais de 15 processos já prontos lá", diz ele, ao ser questionado sobre as licitações que "fez". Para direcionar os processos, explica Fontana na transcrição, "tem que fazer o edital de acordo". "Você faz um edital direcionando para alguém ganhar [...]. Por exemplo: hoje lá tem uma licitação lá de alocação de ilha. Não foi ninguém. Só foi os dois que têm que ganhar", diz. Passaia pergunta se as empresas vencedoras "foram todas aquelas que os deputados pediram" e se isso seria uma forma "de os deputados ganharem também". Fontana diz que sim.

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