quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Presidente uruguaio diz não ser carrasco de repressores

O presidente do Uruguai, José Mujica, bateu boca com migrantes de seu país na noite de quarta-feira em Porto Alegre e, ao falar sobre punição a repressores da ditadura, disse que não é "verdugo" (carrasco) de anciãos. Na semana passada, o Congresso do Uruguai aprovou uma lei que torna os crimes do regime (que durou de 1973 a 1985) imprescritíveis. Mujica passou dois dias no Rio Grande do Sul, onde se reuniu com o governo gaúcho e empresários brasileiros. Em Porto Alegre, onde vivem milhares de uruguaios, o presidente compareceu a um encontro informal com seus compatriotas, na Casa de Cultura Mário Quintana, e decidiu abrir um espaço para perguntas. Ao falar sobre a busca por "ossos" de presos políticos, uma participante o repreendeu e pediu para usar o termo "desaparecidos, não ossos". Pouco depois, em nova intervenção da platéia sobre a punição aos responsáveis por crimes na ditadura, Mujica, um ex-terrorista Tupamaro, preso e torturado, falou que não é "o dono do país" e que "diz o que pensa". Ainda sobre o tema, o presidente afirmou que os poderes no Uruguai são independentes e lembrou que a decisão do Congresso permite que casos sejam desarquivados. Mais tarde, falou que não se pode viver "angustiado só olhando para trás". No encontro, também houve reclamações exaltadas sobre a proibição ao voto no exterior de imigrantes uruguaios. Mujica pediu que os compatriotas planejem o retorno ao Uruguai, nem que seja "para morar em uma casinha em um balneário na aposentadoria".

Nenhum comentário: