segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Dilma chama ministro Fernando Pimentel para se explicar após denúncias pelas consultorias

Para tentar evitar que a crise política chegue também ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a presidente Dilma Rousseff ordenou neste domingo que o ministro Fernando Pimentel voltasse a Brasília e detalhasse sua atuação como consultor entre 2009 e 2010. Reportagem publicada no sábado pelo jornal O Globo sugere tráfico de influência em licitações da prefeitura de Belo Horizonte e a não prestação de serviços pagos pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). A pedido da presidente, Fernando Pimentel compareceu a seu gabinete ainda no sábado para informar sobre o trabalho da sua empresa, a P-21 Consultoria, e os contratos assinados nos últimos dois anos, período em que ficou afastado de cargos públicos. Pimentel deixou a prefeitura de Belo Horizonte no final de 2008 e assumiu o Ministério do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior com a eleição de Dilma. "A presidente Dilma pediu que eu agisse com transparência e normalidade, porque eu não tenho nada a esconder", disse o ministro. Se atingido, Pimentel seria o primeiro ministro da cota da presidente chamuscado pelas denúncias. Os demais ministros denunciados por corrupção foram herdados da gestão Lula ou impostos pelos partidos da base aliada. "Não feri nenhum preceito ético ou moral. Estou perplexo com tamanho espaço para um assunto privado", afirmou o ministro. Fernando Pimentel disse que nos dois anos em que a consultoria funcionou prestou serviço a três empresas. Os contratos, juntos, somaram quase R$ 1,9 milhão. O ministro garante que sua atuação foi apenas na área privada. "Eu conheço todas as empresas de Minas Gerais. Esta é a vantagem de eu ter ficado 16 anos na prefeitura de Belo Horizonte", argumentou. Antes de ser prefeito, Fernando Pimentel ocupou cargos de primeiro escalão na prefeitura. Ele mostrou documento, assinado em 10 de dezembro de 2010, no qual se afasta da administração da consultoria. Pimentel disse também que os rendimentos recebidos no período são compatíveis com cargo de executivo no País. Segundo ele, após o pagamento de tributos e custos da empresa, recebeu em torno de R$ 1,2 milhão em 24 meses. "Isso dá cerca de R$ 50 mil por mês. É uma remuneração compatível com o mercado de executivos", disse. Pimentel não quis fazer associações com os serviços prestados por ele e o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, que deixou o governo depois de denúncia de tráfico de influência para prestar serviços de consultoria. "Não vou julgar o Palocci. O caso dele é o caso dele. Eu trabalhei, emiti nota fiscal e paguei os tributos", afirmou. O ministro afirmou que, se convocado, dará explicações ao Congresso Nacional. No entanto, se antecipou dizendo que qualquer tese de tráfico de influência no governo Dilma é "mordaz". Fernando Pimentel é um velho militante da esquerda. No dia 4 de abril de 1970, em Porto Alegre, ele tentou sequestrar o cônsul americano Curtis Cutter, em um comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR, o grupo terrorista no qual também militava Dilma Rousseff), junto com Felix Silveira Rosa Neto Irgeu Menegon e Gregório Mendonça. Em um Fusca, pretenderam interceptar a possante caminhonete Plymouth blindada do cônsul americano. Ex-boina verde do Exército americano no Vietnã, o cônsul reagiu jogando seu carro contra o Fusca e foi baleado na altura dos ombros. O revolucionário de ontem virou grande amigo do capitalismo e dos capitalistas, prestando "consultorias" para o grande capital.

Nenhum comentário: