segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Investimento federal cai R$ 16,5 bilhões, contrariando discurso do governo

Ao contrário do discurso oficial de que seriam preservados neste ano de contenção fiscal, os investimentos do governo federal encolheram R$ 16,5 bilhões de janeiro a novembro de 2011, em comparação com 2010. É o que mostra levantamento realizado pela Associação Contas Abertas. A queda nos investimentos foi observada nos projetos realizados pelos ministérios e estatais federais. No primeiro grupo, os gastos este ano ficaram em R$ 32,7 bilhões, contra R$ 40,7 bilhões em 2010 (retração de R$ 8 bilhões). Nas estatais, o volume investido caiu de R$ 70,7 bilhões, em 2010, para R$ 62,2 bilhões (queda de R$ 8,5 bilhões). Os dados foram coletados em bases oficiais, como o Sistema de Administração Financeira (Siafi) e o relatório do Ministério do Planejamento sobre investimentos das estatais, e atualizados pelo índice IGP-DI. “O governo, preocupado com a inflação, contraiu o investimento”, disse o secretário-geral da Contas Abertas, Gil Castelo Branco. Esses números dão a medida do dilema que a presidente Dilma Rousseff vai administrar em 2012. Para que a economia cresça 5%, o governo depende do investimento privado, como já admitiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Enquanto isso, as empresas esperam o setor público. “O investimento privado vai depender muito das concessões que o governo fizer e dos investimentos em infraestrutura”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. O problema é como fazer isso sem piorar o resultado fiscal. Este ano, a meta de superávit primário (saldo positivo das contas públicas) só será cumprida à custa de contenção de investimentos e de um desempenho acima do esperado da arrecadação. Se a ordem é investir mais, a arrecadação terá de ser ainda melhor que em 2011, o que não está no horizonte. Assim, restam sobre a mesa duas alternativas: conter os investimentos ou diminuir o superávit. Mantega tem afirmado que mexer no resultado primário está fora de cogitação.

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