terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Polícia pressiona denunciante a não acusar governador petista Agnelo Queiroz

O policial militar João Dias Ferreira, preso na semana passada pela corregedoria da corporação, foi pressionado por um major e desistiu de acusar o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), investigado por irregularidades quando era ministro do Esporte. João Dias Ferreira é dono de duas ONGs acusadas de desviar dinheiro do Esporte. O policial foi preso e solto na semana passada, após ingressar na sede do governo do Distrito Federal e jogar R$ 159 mil na mesa de funcionários, além de agredir duas pessoas. Após ser preso pela corregedoria da PM, Ferreira foi pressionado por um colega de corporação a não falar sobre a origem do dinheiro, que seria um "cala-boca" de integrantes do governo para não delatar o petista Agnelo Queiroz. Foi gravado um diálogo de 25 minutos entre Ferreira e integrantes da corregedoria da Polícia Militar de Brasília. A conversa se deu após o advogado do PM, André Cardoso, deixá-lo sozinho. A Polícia Militar já investiga o caso, que ocorreu por volta das 7 horas de quinta-feira. Ferreira foi preso por volta das 16 horas de quarta-feira. Segundo o corregedor da PM, coronel Jahir Lobo, a conversa é com o major Márcio Barbosa, enquanto os advogados de Ferreira dizem que foi com o major Elisnei Dias. O coronel diz que Elisnei não estava presente durante a conversa. No diálogo, o major tentou frear Ferreira quando ele começou a falar de irregularidades cometidas por pessoas ligados ao governador. O major disse que o delator seria 'réu confesso' caso falasse de Agnelo Queiroz. "Você está ingressando no campo da política onde os administradores não são eternos. Dá um tempo, pensa o que você vai fazer, para decidir se é réu confesso e cometeu corrupção passiva. Isso aqui não vai para a imprensa, o sistema aqui é diferente. Você está trazendo um esquema de corrupção, que é principalmente sua", disse. Na conversa, o major deixou a entender que Ferreira poderia ter tratamento diferenciado: "Nossa corporação, lamentavelmente, tem dois tratamentos. Não sei se você está entendendo, uma turma é tratada de uma forma e outra tratada de outra forma". O major disse ainda que Ferreira deveria se concentrar apenas no caso de lesão corporal. "O ideal, do ponto de vista jurídico, é lesão corporal leve. No Código Militar, de repente, você não fica nem hoje lá dentro", disse o major. "Estou te dando subsídios para seu advogado te tirar", completou. A conversa foi interrompida uma vez, quando o major atendeu o telefone. "Estou tentando, estou tentando", disse. O advogado André Cardoso afirmou que a gravação "confirma que houve uma tentativa de abafar, por parte da autoridade constituída". "Isso não é correto. Não posso dizer se foi algo político ou corporativo. Meu cliente está sendo pressionado", disse o advogado. Na mesma manhã, segundo o corregedor, o major Márcio Barbosa afirmou que Ferreira desistiu de delatar Agnelo e apresentar mais detalhes do caso que havia contado horas antes, quando foi prestado depoimento sobre lesão corporal.

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