quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Franco-atirador americano no Iraque é recordista de mortes em guerra

"Matei 255 pessoas e não me arrependo", diz ex-atirador americano Chris Kyle, em livro lançado nos Estados Unidos. "A lenda", "o exterminador" e "o diabo de Ramadi" são apenas algumas alcunhas pelas quais o atirador de elite reformado Chris Kyle ficou conhecido entre os colegas. Entre 1999 e 2009, o então oficial do pelotão Charlie, terceiro grupo da força Seal da Marinha americana, construiu uma temida reputação como o atirador mais letal da história da corporação. Oficialmente, o Pentágono registra 150 mortes no seu nome, o que em si já representa um recorde em relação ao anterior, de 109, até então mantido por um atirador durante a Guerra do Vietnã. Entretanto, Kyle afirma que sua contagem é maior. Só na segunda batalha de Fallujah, no fim de 2004, diz, tirou a vida de 40 inimigos. Em um livro da editora HarperCollins que chega às livrarias americanas, "American Sniper" ("Atirador de elite americano") ele relata com detalhes o seu trabalho em quatro viagens de combate ao Iraque. "Adorei o que fiz. Ainda adoro. Se as circunstâncias fossem diferentes, se minha família não precisasse de mim, eu voltaria em um piscar de olhos", escreve o atirador. "Não estou mentindo nem exagerando quando digo que foi divertido". Kyle relata como ao longo da carreira deixou de hesitar ao mirar nas suas vítimas e passou a desempenhar melhor suas funções sob fogo cruzado. Sua companhia Charlie foi uma das primeiras a desembarcar na Península de al-Faw no início da chamada Operação Liberdade, iniciada em 20 de março de 2003 pelo então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. No fim daquele mês, na área de Nasiyria, os oficiais Seal aguardavam em um povoado iraquiano a chegada dos marines, fuzileiros navais americanos, que se aproximavam. No topo de um edifício, Kyle conta que ele e outros oficiais de seu pelotão tinham como objetivo oferecer cobertura para os fuzileiros. Quase todos os moradores se trancaram em suas casas, de onde assistiam a tudo por detrás das cortinas. Apenas uma mulher e uma ou outra criança se movimentavam na rua. Quando os marines se encontravam a certa distância, a mulher tirou um objeto amarelado de sua bolsa e caminhou em direção aos militares. "É uma granada! Uma granada chinesa", disse o chefe de Kyle: "Atire". Ao vê-lo hesitar, o chefe repetiu: "Atire!". Kyle puxou o gatilho duas vezes, a "primeira e única vez" em que matou uma pessoa no Iraque que não fosse homem e combatente. "Era meu dever. Não me arrependo", escreve: "Meus tiros salvaram vários americanos cujas vidas claramente valiam mais que o daquela mulher de alma distorcida. Posso me colocar diante de Deus com uma consciência limpa em relação ao meu trabalho".

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