terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Ipea diz que gastos com saúde e educação perpetuam desigualdade

Os gastos do governo com assistência social chegam aos que mais precisam da presença do Estado, enquanto a atuação do poder público em saúde e educação se concentra nas regiões mais ricas, informa estudo divulgado nesta terça-feira pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). De acordo com o neotrotskista petista Marcio Pochmann, presidente do órgão, o Estado precisa redirecionar seu foco de atuação. Para o economista, o atual modelo das principais áreas em que o poder público tem papel fundamental mantém ou aumenta as desigualdades regionais do País. "Temos a perspectiva de ser a quarta economia do mundo ao final desta década, então precisamos resolver nossos problemas de pobreza extrema e subdesenvolvimento", afirmou. O levantamento feito pelo Ipea mostra que 51,1% do número de benefícios concedidos pelo programa Bolsa Família, no ano passado, foram destinados à região Nordeste do País. O Sudeste, que concentra 42,2% da população brasileira, ficou com 24,7% dos benefícios. O Norte, com baixa densidade demográfica, foi o destino de 11,1%. O foco das medidas de assistência social do País está na direção certa, segundo Pochmann: "O Estado está olhando onde mais se localiza a miséria e atuando. Esse é um padrão recente, o de colocar mais esforços onde eles se fazem mais necessários. Mas há outros padrões em outras áreas de atuação". Na área de saúde, a lógica se inverte, com o Sul e Sudeste, que possuem melhores indicadores sociais, apresentando mais estrutura. Enquanto as duas regiões possuem 3,7 médicos a cada 1.000 habitantes, o Norte conta com 1,9 e o Nordeste, com 2,4. Na comparação entre os Estados, a desigualdade se acentua. O Rio Grande do Sul possui 3,2 vezes mais médicos por 1.000 habitantes do que o Maranhão, por exemplo. "A distribuição não é proporcional à população e tampouco leva em conta lugares mais pobres, onde há mais gravidade de doenças." O levantamento leva em conta os profissionais que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A taxa de frequência líquida de alunos na escola, que não contabiliza apenas matrículas, mas se os estudantes cursaram todo o ano letivo, também aponta para uma menor presença do Estado em regiões com renda per capita menor. No ensino fundamental, 87,2% da população entre seis e 14 anos do Pará estava na escola, de acordo com levantamento que levou em conta dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2009, coletados pelo IBGE. O Ipea é uma espécie de Ibope do PT.

Nenhum comentário: