terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Unctad avisa que economia mundial está à beira de nova recessão

A economia mundial está à beira de uma nova recessão, disse a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) em seu relatório Situação e Perspectivas da Economia Mundial, divulgado nesta terça-feira. A organização prevê a deterioração do cenário econômico caso os governantes não consigam frear o aumento do desemprego ou evitem a escalada dos riscos gerados pela crise da dívida soberana e a fragilidade do setor financeiro. “A economia mundial está oscilando e muito perto de uma nova recessão. Espera-se crescimento anêmico nos anos de 2012 e 2013. Os problemas que assolam a economia mundial são múltiplos e interligados. Entre os maiores desafios está a luta contra a crise do emprego e o declive das perspectivas de crescimento, especialmente no mundo desenvolvido”, diz o relatório. O texto define o desemprego como “calcanhar de Aquiles” da recuperação econômica na maior parte dos países desenvolvidos e ressalta que o “déficit global de 64 milhões de empregos deve ser eliminado”. Com a projeção de recessão, no entanto, o déficit de empregos no mundo se elevaria para 71 milhões, 17 milhões somente nos países ricos, prevê a organização. Além disso, a Unctad revela que, se a recessão ocorrer, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve alcançar 0,5% em 2012, número que pode chegar a 2,6% no caso de “a crise da dívida soberana ficar concentrada a uma ou algumas poucas pequenas economias”. Para os autores do relatório, no entanto, as recentes medidas adotadas pelos governos europeus para conter a crise não são suficientemente eficazes. “O contágio da dívida soberana poderia achatar o crédito no mundo, e provocar uma quebra nos mercados financeiros, em um cenário com reminiscências do ocorrido em setembro de 2008 com o colapso do Lehman Brothers”, diz o texto. O texto considera que as novas medidas de austeridade fiscal nos Estados Unidos levariam a uma recessão, por isso sugere ao Federal Reserve que responda adotando medidas monetárias mais agressivas. O relatório prevê aumento do PIB da União Européia em 2012 de 0,7%, e de 1,7% em 2013. Para os Estados Unidos, a Unctad estima avanço de 1,5% em 2012 e de 2% em 2013. A respeito dos riscos globais se as economias dos Estados Unidos ou da União Européia entrassem em recessão, o relatório é taxativo: “Uma recessão na Europa ou nos Estados Unidos pode não ser suficiente para induzir uma recessão global, mas o colapso de ambas as economias seguramente teria força para tal”. Diante dessa situação, o relatório considera que, no curto prazo, é preciso estímulo fiscal, coordenado internacionalmente, para gerar empregos: “Os países desenvolvidos deveriam ser mais cautelosos em não embarcar prematuramente em políticas de austeridade fiscal, diante do ainda frágil estado da recuperação e os elevados níveis de desemprego”. A principal preocupação das nações em desenvolvimento terá de ser evitar que o aumento dos já voláteis preços das matérias-primas e a instabilidade das taxas de câmbio contamine o crescimento. O PIB da América Latina e do Caribe crescerá 3,3% em 2012 e 4,2% em 2013, segundo o relatório da Unctad.

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