quinta-feira, 1 de março de 2012

Justiça nega pedido de acusado de matar Celso Daniel

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou nesta quarta-feira pedido de Sérgio Gomes da Silva, conhecido como "Sombra", acusado pela morte do prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002. Os advogados de "Sombra" pretendiam anular a sentença de pronúncia --que encaminha o réu para o júri. Segundo a defesa, não foram feitas perguntas no interrogatório de um dos réus. O desembargador Guilherme Strenger, relator do caso, negou o pedido por entender que ele tornaria o réu em uma testemunha, o que é proibido pela lei. A pronúncia foi feita pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov, da 1ª Vara de Itapecerica da Serra (SP).
A defesa de "Sombra" tenta derrubar no Supremo Tribunal Federal o poder de investigação do Ministério Público em casos criminais, o que anularia boa parte da apuração. No dia 10 de maio, deve começar o julgamento de cinco dos oito acusados pela morte. O processo de "Sombra" foi desvinculado dos demais. O advogado de "Sombra", Roberto Podval, afirmou que irá recorrer da decisão e lembrou que ela não foi unânime. "Os tribunais superiores nos darão razão. Não tenho dúvida. É só uma questão de tempo." A morte de Celso Daniel completou 10 anos no mês passado. Ao longo da década, o crime adquiriu contornos de novela policial. Sete pessoas ligadas ao caso, entre testemunhas e acusados de participação no crime, morreram no período. Somente Marcos Bispo dos Santos foi julgado e condenado, em 2010, a 18 anos de prisão. Ex-professor universitário, deputado e prefeito da cidade do ABC pela terceira vez, Celso Daniel foi encontrado morto numa estrada de terra em Juquitiba (SP), alvejado por oito tiros, após dois dias de sequestro. Ele era o escolhido para coordenar a campanha que levaria o ex-presidente Lula ao poder. Hoje, pelo menos dois dos seus ex-secretários ocupam cadeiras importantes em Brasília: os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Miriam Belchior (Planejamento). O caso já foi reaberto duas vezes, investigado pelo Ministério Público, pela Polícia Civil e até pela CPI dos Bingos, em Brasília. A investigação também marcou um dos mais duros embates entre Promotoria, advogados e o PT. Para o Ministério Público, Daniel foi vítima de crime de mando, encomendado pelo amigo e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva. Eles estavam juntos quando o petista foi sequestrado, na saída de um restaurante em São Paulo. Os promotores sustentam que Daniel teria descoberto um esquema de corrupção na prefeitura para financiar campanhas do PT e que o sequestro teria sido simulado.

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