segunda-feira, 12 de março de 2012

Ricardo Teixeira renuncia à CBF e ao comando do comitê da Copa-2014

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de 64 anos, renunciou à confederação que controla o futebol nacional. Além disso, também deixou o COL (Comitê Organizador Local da Copa-2014). Em carta lida na manhã desta segunda-feira no Rio de Janeiro pelo seu sucessor, José Maria Marin, de 79 anos, um de seus cinco vices, ele diz que vai cuidar da saúde e ficar com sua família. Marin cumprirá o restante do mandato, até 2015. E também herderá o cargo no COL. "Presidir paixões não é uma tarefa fácil. Futebol em nosso país é associado a talento e desorganização. Quando ganhava, era graças ao talento, quando perdia, imperava a desorganização", afirmava a carta. "Fiz o que estava a meu alcance, sacrificando a saúde e renunciando ao insubstituível convívio familiar. Fui criticado nas derrotas e subvalorizado nas vitórias", completou. A saída do cartola, mineiro de Carlos Chagas e desde 1989 no cargo, quando chegou ao poder amparado pelo então sogro e presidente da Fifa, João Havelange, chegou a ser dada como certa por presidentes de federações estaduais antes do Carnaval, mas Teixeira garantiu que continuaria com as atividades normalmente. Em crise não só dentro de campo (com a seleção brasileira eliminada das últimas Copa do Mundo e Copa América logo nas quartas de final) como também e principalmente fora dele (em meio a novas denúncias de corrupção), Ricardo Teixeira já vinha dando sinais de que poderia sair. No início de fevereiro, demitiu o tio, Marco Antônio Teixeira, da secretaria-geral da entidade. Ele estava na função praticamente desde o começo do mandato do sobrinho no final da década de 1980. No final do ano passado, já havia nomeado o então presidente do Corinthians, Andres Sanchez, para diretor de seleções. Além disso, o ex-jogador Ronaldo foi colocado dentro do COL. Depois, o ex-atleta Bebeto. Em 29 de setembro de 2011, foi internado em um hospital no Rio apresentando dores abdominais. O boletim médico disse que Teixeira tinha uma diverticulite (inflamação na parede do cólon, ligado ao intestino grosso) não complicada. Assim, faria tratamento apenas com anti-inflamatório, analgésico e uma alimentação regulada, sem necessidade de cirurgia. Recebeu alta dois dias depois. Além disso, enfrenta acusação de estar envolvido no maior escândalo da história da Fifa. O chamado dossiê da ISL, ex-agência de marketing da entidade, falida em 2001, será avaliado pela Corte Federal da Suíça e tem documentos considerados comprometedores para Ricardo Teixeira. O processo, que tramita desde 2008, possui os nomes de dirigentes que supostamente receberam propina em negociação pelos direitos de transmissão de Copas do Mundo. Pressionado, Teixeira perdeu força para virar o sucessor de Joseph Blatter na presidência da Fifa após a Copa de 2014, no Brasil. Em 2000, chegou a enfrentar duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), no Congresso Nacional, porém o título da seleção no Mundial de 2002, segundo ele próprio, serviu para lhe dar força e terminar se mantendo à frente da CBF.

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