sexta-feira, 6 de abril de 2012

Apartamento funcional de Demóstenes Torres servia de ponto de encontro da “Máfia do jogo” em Brasília

Grampos da Polícia Federal indicam que o apartamento funcional em que mora o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), em Brasília, serviu de ponto de encontro da cúpula da “máfia dos caça-níqueis” em Goiás e no Distrito Federal. Em conversas interceptadas pela Operação Monte Carlo, o sargento Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, apontado como um dos operadores de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, relata uma reunião de integrantes do esquema no local. No telefonema de 17 minutos, gravado em 21 de dezembro de 2010, Dadá diz a Lenine Araújo de Souza, segundo homem na hierarquia do esquema, responsável pela administração contábil do grupo, que está no Bloco C da Quadra 309, na Asa Sul, em Brasília. Trata-se do chamado bloco dos senadores, onde Demóstenes e outros parlamentares ocupam apartamentos funcionais cedidos pelo Senado. “Está aonde?”, indaga Lenine. “Aqui na 309, Bloco C, no estacionamento, na Sul, na Asa Sul”, responde o sargento. Segundo as transcrições, foram ao local Cachoeira, ao qual Dadá e outros integrantes do grupo se referem como “o homem”; Cláudio Dias de Abreu, citado no inquérito como sócio do empresário em negócios ilegais, e Wladimir Garcez Henrique, que seria seu braço direito, encarregado de obter facilidades nas Polícias Militar e Civil de Goiás. O Bloco C e o Bloco G, onde mora Demóstenes, são unidos e têm estacionamento e portaria comuns. Eram cerca de 16h40 e, na conversa, Dadá dizia estar em frente ao prédio desde a hora do almoço. “O homem está aqui, Cláudio, está aqui, não posso sair”, explicou a Lenine. Demóstenes estava em Brasília nesse dia, conforme registros do Senado. Segundo o inquérito, após o encontro no prédio, o grupo seguiu para reunião com um advogado não identificado. “Encontramos com o homem aqui na 309. A gente está indo lá pro Gustavo, advogado no Lago Sul”, diz o sargento. O inquérito da Monte Carlo comprova a extensa teia de relações do grupo, que se valia de contatos nos mais diversos órgãos. Em uma das conversas, Gleyb Ferreira da Cruz, elo de Cachoeira com o delegado federal Deuselino Valadares, comenta com um interlocutor sobre a possibilidade de “entrar com um interesse” na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para resolver um negócio de R$ 300 mil.

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