domingo, 29 de abril de 2012

Demóstenes avisou Cachoeira de ação contra caça-níqueis

Relatório da Polícia Federal mostra que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) informava com antecedência o empresário Carlinhos Cachoeira de operações a serem realizadas pelo Ministério Público contra o grupo do contraventor. Segundo o inquérito que está no Supremo Tribunal Federal, às 23h11 do dia 20 de junho de 2011 o senador, que é procurador de Justiça, avisou Cachoeira de uma ação de combate ao jogo ilegal: “Eu fui informado é que o Ministério Público Federal aí em Goiás vai fazer operação conjunto com o MP Estadual, é, em cima de caça-níquel viu? Parece que tem, eles tinham uma investigação independente, independente mesmo daquela outra que foi pra Justiça Federal, certamente eles vão usar a Polícia Federal né, então você fica de olho aí”. “Quem te falou?”, perguntou Cachoeira. “O de sempre”, disse o senador, que acrescenta: “Bom ele falou, eu num sabia que eles tinham investigação, então ele num sabe o tamanho que é né, chamaram pra fazer operação, possivelmente eles já tem tudo pronto né". O procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres, é irmão do senador. Ele nega saber de irregularidades e diz ter rompido com o senador por conta do caso Cachoeira. Três minutos depois, Cachoeira e Demóstenes voltam a falar pelo telefone, quando o senador disse: “Turma de baixo informou que foi pedido pra fazer uma operação conjunta”. Encerrada a conversa, Cachoeira telefonou ao delegado da PF Fernando Byron, apontado pela Operação Monte Carlo como informante do esquema ilegal. O empresário de jogos então repassou ao delegado a informação que recebera de Demóstenes: “O MP Federal avisou o Estadual que vai ter uma operação, cê tá sabendo?”. “Não, não, vou ver”, respondeu o delegado. Cachoeira então deu mais detalhes e indaga Byron: “É nessa área sim, queria que você desse uma olhada, não é nada que você pediu, não?”. O delegado, que seria informante do esquema, acalmou o empresário: “É reunião de rotina mesmo, não de operacionalidade”. Segundo a investigação, Fernando Byron, que trabalhava em Goiânia, era consultado por Cachoeira toda a semana para saber sobre as atividades da PF na região. As gravações mostram ainda que o grupo de Cachoeira soube, ainda em janeiro, que poderia haver operação no Distrito Federal e em Goiás.

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