terça-feira, 24 de abril de 2012

A idoneidade da Delta e ação da Controladoria Geral da República: por que só agora?

A Controladoria-Geral da União abrirá um processo que pode declarar inidônea a empresa Delta Construções, ligada à máfia do contraventor Carlinhos Cachoeira. A CGU formou uma comissão com três integrantes para analisar a empresa. A decisão deve ser publicada nesta terça-feira no Diário Oficial da União. Se for confirmada a inidoneidade, a empresa ficará impedida de firmar novos contratos com a administração pública. Mas as obras em andamento podem continuar. Cada caso será analisado individualmente pelo órgão responsável pela licitação. A suspensão das obras é o último recurso adotado: segundo orientação da CGU, a prioridade deve ser o cidadão beneficiado pelo empreendimento. De acordo com a CGU, a criação da comissão se deu por causa das recentes denúncias mostrando a atuação conjunta da construtora com a máfia de Cachoeira. Na investigação, também serão levados em conta episódios da operação Mão Dupla, da Polícia Federal, que flagrou em 2010 fraudes em licitações e desvios de recursos envolvendo a construtora no Ceará. Representantes da Delta chegaram a ser presos. Na edição desta semana, VEJA mostra como a construtora Delta ascendeu rapidamente graças aos contratos com o governo federal, do qual é a maior fornecedora de serviços. Em uma década, o salto nas verbas que a empresa recebeu da União foi de 1.653%. Diz o jornalista Reinaldo Azevedo: "A Operação Mão Dupla, que foi feita em parceria com a Polícia Federal e com a própria CGU, é de 2010. Ela deixou claro que a Delta estava metida num monte de falcatruas. Naquele caso, as irregularidades estavam concentradas do Ceará — ou, ao menos, foram investigadas as que se deram naquele estado. E o que fez o governo federal depois disso? Assinou mais 31 contratos com a construtora, no valor de R$ 758 milhões. Em julho do ano passado, na inauguração do teleférico do Complexo do Alemão, Pezão, o vice-governador do Rio, fez um elogio em cena aberta à Delta, na presença da presidente Dilma Rousseff. E ainda exaltou a obra afirmando que ela significava a vitórias sobre “os ministérios públicos”, referindo a órgãos de investigação e controle do estado — como é o caso, diga-se, da CGU. Uma das perguntas que, sem resposta, não querem calar: por que só agora? A idoneidade da Delta não deveria ter sido investigada antes? Tudo o que a PF e a controladoria constataram no Ceará depunha a favor da empresa? Vamos ver no que vai dar esse negócio. Interessante será se a Delta for declarada idônea depois de tudo o que se sabe. Se, ao contrário, constatar-se a inidoneidade, então estaremos diante de algo ainda mais fabuloso: a principal empresa do PAC terá um carimbo: INIDÔNEA! Sobreviverá a isso? Se a resposta for negativa, o que acontece com as obras que estão em curso?

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