quarta-feira, 30 de maio de 2012

Ajuris rompe manto de silêncio gaúcho e critica chantagem de Lula sobre o STF

Finalmente uma entidade da sociedade civil organizada do Rio Grande do Sul saiu de cima do muro e resolveu criticar a chantagem de Lula sobre o STF, postou o jornalista Políbio Braga. Essa entidade foi a Ajuris (Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul). A Ajuris não fulaniza as críticas, mas obliquamente põe o barrete em quem tem que por. É oceânico e assustador o silêncio da mídia, das entidades e das lideranças políticas, intelectuais e empresariais gaúchas sobre o escabroso incidente, completa Políbio Braga. Não é de se estranhar, porque as entidades corporativas, quase a totalidade delas, são dominadas pelo petismo. Assim, a manifestação isolada da Ajuris tem mesmo uma grande singularidade. Essa entidade é a mesma que expulsou de seus quadros o juiz aposentado Luiz Francisco Correa Barbosa, por ter enfrentado a alta direção do Poder Judiciário gaúcho, a qual pretendia que ele transferisse de volta para a Caixa Econômica Estadual os depósitos judiciais que estavam em conta no Banco do Brasil. No meio desses depósitos, os valores apreendidos da quadrilha do traficante Juca Galiano, na época o maior traficante brasileiro. Na época, vigorava um convênio firmado entre a Caixa Econômica Estadual e a Ajuris. Por esse convênio, comprometiam-se os juízes gaúchos a depositar as custas e valores judiciais em conta na Caixa Econômica Estadual. Conforme o bolo depositado, a Caixa Econômica Estadual concedia empréstimos altamente privilegiados para magistrados, sem correção monetária, a juros de meio por cento ao mês, e com prazo de dez anos para pagamento. Era muito mais do que um empréstimo de pai para filho, era um empréstimo de tataravô, bisavô, avô e pai para o filho, quando a inflação do período chegou a alcançar quase 80% ao mês. O juiz tirava o dinheiro em um caixa, depositava no caixa do lado, e a rodada do overnight já pagava o empréstimo. Isso aconteceu quando o governador do Estado era Jair Soares, entre 1983 e 1987. Mas, as benesses na Caixa Econômica Estadual para a magistratura gaúcha já vinham de mais tempo. Até hoje a Ajuris silencia sobre esse passado. Mas, um livro da própria Ajuris, desses utilizados para fazer atas de assembléias de condomínios, registra todos os pedidos de empréstimos altamente beneficiados concedidos a magistrados na época. As páginas do livro estão bem vivas. As inscrições no livro apresentam a letra de próprio punho dos magistrados fazendo os pedidos de empréstimos. Apenas dos juízes na época recusaram-se a cumprir com o pactuado pela Ajuris com a Caixa Econômica Estadual, de colocar os depósitos judiciais em conta na Caixa Econômica Estadual: além de Luiz Francisco Correa Barbosa, também o juiz João Andrade Carvalho, conhecido como Carvalhinho, na época juiz da vara de Acidentes de Trabaloho, e que tinha enormes depósitos judiciais. Luiz Francisco Correa Barbosa, o Barbosinha, depois de recusar uma promoção e mudança de cidade, foi afastado do trabalho pela direção do Tribunal de Justiça. E Carvalhinho teve cinco recusas consecutivas para promoção por antiguidade ao cargo de desembargador. Era a época das decisões imotivadas do Poder Judiciário, uma página que desonra profundamente a história da Justiça no Brasil e no Rio Grande do Sul. A questão dos empréstimos para juízes e desembargadores na Caixa Econômica Estadual era tão singular que a divulgação de um empréstimo tomado pelo ex-desembargador João Paulo Bisol, divulgada pela revista IstoÉ, detonou a candidatura dele à vice-presidência da República na chapa de Lula. História serve para isso.

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