terça-feira, 1 de maio de 2012

Argentina de olho no dinheiro da China

O assalto do governo argentino à empresa petroleira privada YPF, até então pertencente à espanhola Repsol, pôs fim às embrionárias negociações pelas quais a multinacional chinesa Sinopec pretendia adquirir a maioria das ações da companhia agora estatizada. Também não seguiu adiante o suposto interesse da Sinopec em comprar a YPF estatizada — um portal de notícias econômicas chinês chegou a afiançar que a oferta chegaria a 15 bilhões de dólares. O que não arrefeceu foi o interesse das multinacionais chinesas da área, todas estatais, pela joia da coroa que a YPF, ainda em mãos da Repsol, descobriu em novembro de 2011: a grande reserva petrolífera de Vaca Muerta, na província de Neuquén, na Patagônia argentina — onde também atua, entre outras empresas estrangeiras, a Petrobras. Foi a maior descoberta de petróleo da história da Repsol. E provavelmente o fato que deu o empurrão final na cobiça que o governo da presidente Cristina Kircher já revelava em relação à YPF, ex-estatal privatizada em 1999. A formação geológica de Vaca Muerta se estende por 30 mil quilômetros quadrados, dos quais a YPF tinha concessão para explorar 12 mil. Apenas em 8 mil quilômetros desses 12 mil, chegou-se a estimar que possa haver 21,1 bilhões de barris de petróleo. Imagine-se o potencial da formação inteira. Calcula-se que a exploração de Vaca Muerta requeira 5 bilhões de dólares anuais, no mínimo, pelos próximos cinco anos, dinheiro que a Argentina não tem nem em sonhos. É aí que entrariam as gigantes chinesas: China Petrochemical Corporation (Sinopedc), China Petroleum Corporation (Cnpc) e China National Offshore Oil Corporation (Cnooc). A Cnoc dificelmente terá chances em uma eventual negociação com o governo de Cristina Kirchner, já que possui desde 2010 uma parcela de 50% das ações do grupo argentino Bridas, controlador da segunda maior empresa de petróleo argentina, a Pan American Energy. (Ricardo Setti)

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