terça-feira, 22 de maio de 2012

Disputa comercial deixa carros parados no Brasil e fábrica suspensa na Argentina

A disputa comercial entre o Brasil e a Argentina já deixa sinais dos dois lados da fronteira. Enquanto na alfândega brasileira milhares de veículos aguardam entrada no país vizinho, no lado argentino uma fábrica com 700 funcionários já suspendeu a produção. Nesta terça-feira, a maior fábrica de batatas pré-fritas instalada na Argentina, a canadense McCain, confirmou a suspensão de sua produção. Cerca de 70% das mercadorias da companhia são destinadas ao mercado brasileiro. A decisão da empresa, que tem 700 trabalhadores, foi tomada após a informação de que o Brasil havia suspendido, na semana passada, a importação de gêneros alimentícios argentinos. O bloqueio brasileiro foi interpretado como uma represália às barreiras do país vizinho aos seus produtos. No setor empresarial, estima-se que cerca de 30 caminhões com mercadorias argentinas estão parados apenas em um dos pontos fronteiriços, na localidade de Santo Tomé, na Província de Corrientes. As disputas entre os dois países estão, nesta terça-feira, entre as principais notícias do dia na mídia argentina. O jornal Clarín afirmou que o Brasil "endureceu" sua postura e, assim como a Argentina, decidiu aplicar licença prévia para liberar alguns produtos, que podem ficar até 60 dias parados na fronteira. Em muitos casos, os produtos exportados estão entre as principais atividades de economias regionais da Argentina, como as maçãs produzidas nas províncias de Rio Negro e de Neuquén, na Patagônia. Por isso, analistas temem que a medida afete o ritmo dessas economias. Antes do bloqueio brasileiro, as autoridades argentinas haviam impedido o desembarque de automóveis importados do Brasil. "São cerca de 30 mil automóveis parados no porto de Zarate, na província de Buenos Aires, esperando autorização do secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, para o desembarque", afirmou-se, na semana passada. Em 1991, o comércio entre Brasil e Argentina era de cerca de US$ 3 bilhões e no ano passado foi de US$ 39 bilhões. Os argentinos, no entanto, reclamavam do constante déficit nesta balança comercial, registrado apesar da desvalorização do peso frente ao real (um real vale cerca de dois pesos). Em abril deste ano, o comércio bilateral entrou em equilíbrio, meta buscada pelas autoridades argentinas e que teria sido resultado, segundo especialistas, das barreiras comerciais impostas por Buenos Aires.

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