segunda-feira, 28 de maio de 2012

Médicos do Hospital de Clínicas do Paraná param cerca de 70% dos atendimentos

Em uma mobilização inédita, cerca de 360 médicos do Hospital de Clínicas do Paraná, ligado à UFPR (Universidade Federal do Paraná), entraram em greve nesta segunda-feira. É a primeira vez que os profissionais fazem uma paralisação no hospital, que é o maior centro de referência da saúde pública do Paraná e atende cerca de 2.000 pessoas por dia. Estão paralisados os serviços de consultas ambulatoriais, cirurgias eletivas, realização de exames médicos e procedimentos, cerca de 70% do atendimento diário, segundo o Simepar (Sindicato dos Médicos do Paraná). Apenas o serviço de urgência e emergência continua em funcionamento, além do tratamento quimioterápico. A categoria protesta contra a MP (Medida Provisória) 568, editada pela presidente Dilma Rousseff no dia 11 de maio e que aguarda aprovação do Congresso. Segundo os médicos, a MP reduz pela metade o salário-base dos médicos contratados pelo serviço público federal e muda o cálculo das gratificações por insalubridade e periculosidade. "É uma ameaça não só aos nossos salários, mas à estruturação e à oportunidade de trabalho para os médicos brasileiros", afirma o médico Niazy Ramos Filho, porta-voz dos profissionais do Hospital de Clínicas e contratado da instituição há 15 anos. A Federação Nacional dos Médicos estuda entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o governo, por entender que a MP "afronta o princípio constitucional do não-retrocesso social", já que estabelece uma redução nos salários. Ramos Filho diz temer ainda que a medida desencadeie um efeito cascata no serviço público de saúde. "Depois dessa MP, o que você acha que vai acontecer com o governo estadual ou com o municipal? Vão fazer a mesma coisa. A rede pública de saúde vai ficar ainda mais vulnerável porque médico nenhum vai querer prestar concurso para ganhar esse salário", diz ele. Para o profissional, a MP "abre um flanco" para a contratação de médicos estrangeiros, "sob a desculpa de que o médico brasileiro não quer trabalhar", e a qualidade do serviço público de saúde pode ser comprometida.

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