terça-feira, 1 de maio de 2012

PMDB tenta evitar convocação de Sérgio Cabral na CPI do Cachoeira

Integrantes da cúpula do PMDB começaram a se mobilizar no fim de semana para tentar blindar o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e evitar que seja aprovada sua convocação para depor logo no início dos trabalhos. Dirigentes peemedebistas não escondiam na segunda-feira o desconforto e a preocupação com a superexposição das relações de Sérgio Cabral com o dono da Delta, Fernando Cavendish, em fotos divulgadas pelo ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ). A avaliação feita em conversas reservadas era de que a CPI começa a caminhar com as próprias pernas, e que a cúpula do PMDB terá que rever sua estratégia inicial de se manter à margem da CPI que nunca quis. Por isso, apesar do feriado, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), chegou a Brasília para uma reunião com o presidente licenciado do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), para discutir como conduzir o caso e não deixar que o foco da CPI extrapole o objeto de sua criação: o esquema Carlinhos Cachoeira, Delta e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). A preocupação é com o descontrole das investigações além dos limites dos negócios da Delta no Centro-Oeste, que podem atingir os governadores Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF). O governador do Distrito Federal é o único que já tem pedido de inquérito aberto pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sob a alegação de que assessores receberam propina para facilitar contratos em seu governo. Marconi Perillo é acusado de relações estreitas com o grupo de Cachoeira e Demóstenes, que teriam indicado servidores em postos de alto escalão em seu governo. Mas não há ainda inquérito ou gravações que o incriminem diretamente. Um dos representantes do PMDB na CPI, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) disse, num primeiro momento, que seria inevitável a convocação de Cabral. "Será uma oportunidade para ele se explicar sobre as denúncias de que privilegiou a Delta por ser amigo do Fernando Cavendish. Não faria sentido chamarmos outros governadores acusados de envolvimento na teia da CPI, como o Perillo e o Agnelo, e deixarmos o Cabral de fora só porque pertence ao PMDB ou porque governa o Rio de Janeiro”, declarou Ferraço no domingo. Nesta segunda-feira, depois da mobilização da cúpula peemedebista, Ferraço estava mais cauteloso, alegando que Garotinho estava fazendo disputa política: “O Renan me deu liberdade para agir de acordo com minhas convicções. E minha convicção é que não vou ser instrumento de lutas regionais. Pode tirar o Garotinho da chuva!” Nas conversas de bastidores, peemedebistas avaliaram que a situação de Cabral se complicou muito no final de semana com a divulgação dos vídeos e fotos.

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