quarta-feira, 27 de junho de 2012

Ação da OGX derrete por dúvidas sobre potencial de produção

Investidores frustrados com dados de produção da OGX, companhia de petróleo do bilionário Eike Batista, derrubaram a ação da empresa em quase 30% nesta quarta-feira e levantaram novas dúvidas sobre o potencial do setor de óleo e gás brasileiro. Na noite da véspera, a OGX divulgou que a vazão de óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa em um campo na bacia de Campos é de 5 mil barris de óleo equivalente (boe) por dia, apenas um terço do que o mercado esperava. "Acreditamos que o baixo nível de produção em relação às expectativas coloca em dúvida todas as premissas por trás de todo o programa de crescimento da OGX", escreveu a equipe de análise do Bank of America Merrill Lynch em relatório: "Vemos isso como um grande desapontamento que provavelmente terá um longo efeito sobre as avaliações feitas sobre a OGX". O BofA Merrill Lynch cortou o preço-alvo para a ação da OGX de 19,50 para 7,30 reais e reduziu a recomendação de "neutra" para "underperform", esperando um desempenho abaixo da média do mercado. No mesmo tom, o JPMorgan disse que o volume para os poços do campo de Tubarão Azul gera "grande incerteza sobre o potencial de petróleo recuperável" da OGX. Dependendo do sucesso de futuras perfurações e da capacidade de extração do óleo, o JPMorgan vê impacto negativo de 10 a 70 por cento sobre o valor justo que atribui à OGX. A ação da OGX desabou 24,6 por cento, para 6,31 reais, segundo dados preliminares, enquanto o Ibovespa perdeu 1,28 por cento. Na mínima do dia, o papel da petrolífera perdeu 29,4 por cento. Segundo operadores, a notícia era o motivo para a queda de papéis de outras empresas do empresário, segundo operadores. A OSX recuou 13,4%, a LLX caiu 7,88%, a MMX registrou queda de 6,02% e a MPX perdeu 7,14%. Para tentar acalmar o mercado, o empresário Eike Batista convocou uma teleconferência com analistas após o fechamento do mercado. A companhia de Eike não é a primeira a passar por escrutínio, com sinais de que o otimismo de investidores com o setor de óleo e gás no Brasil esteja se esgotando após o impulso com a descoberta do pré-sal alguns anos atrás. A estatal Petrobras não cumpre suas metas de produção desde 2003. O novo plano de negócios da companhia prevê produção de 4,2 milhões de barris/dia em 2020, cerca de 700 mil barris diários a menos que a estimativa anterior. A OGX deu início à produção do seu primeiro óleo, em Waimea, agora batizado Tubarão Azul, em 31 de janeiro. No início dos testes, a produção teve diferentes níveis de vazão, entre 10 mil e 18 mil barris/dia, mas todas muito acima do nível ideal de 5 mil barris por dia. A empresa chegou a prometer uma produção entre 40 mil e 50 mil barris diários ainda em 2012, mas adiou essa meta para o segundo trimestre de 2013. No comunicado de terça-feira, a OGX disse que mais dois poços produtores e dois poços de injeção de água serão interligados nos próximos 12 meses para aumentar gradativamente a produção de óleo do campo de Tubarão Azul. Apesar da vazão menor, a OGX informou que continua confiante na recuperação dos 110 milhões de barris de óleo equivalente do Campo de Tubarão Azul. A estimativa para todo o complexo de Waimea, que envolve outros campos, permanece entre 500 milhões e 900 milhões de barris. A declaração de 110 milhões de barris abrange apenas uma parte do campo, Waimea Pequena, batizada de Tubarão Azul, onde a OGX opera a plataforma FPSO OSX-1.

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