quinta-feira, 7 de junho de 2012

Analista aponta risco de desinvestimento na América Latina no caso de colapso da Espanha

A Espanha é o segundo país que mais investe na América Latina e o retorno desses investimentos tem dado fôlego a empresas espanholas que enfrentam dificuldades em casa. Com o aprofundamento da crise financeira no país, porém, a dúvida é se algumas companhias espanholas seriam obrigadas a se desfazer dessas "jóias da coroa". Para o analista Wilber Colmerauer, diretor da consultoria Brasil Funding, em Londres, a possibilidade de que empresas espanholas tenham de reduzir seus investimentos e vender ativos na América Latina não pode ser ignorada: "Ninguém quer se desfazer de ativos lucrativos na região, mas esse é um cenário provável se a crise na Espanha descambar para um colapso financeiro. Primeiro porque a União Europeia deve pressionar por uma reestruturação das instituições financeiras espanholas antes de ajudar o país. Segundo, porque deve ficar cada vez mais caro para empresas espanholas rolarem suas dívidas". A Espanha conseguiu vender com êxito 2,6 bilhões de euros em bônus do governo nesta quinta-feira, com juros de 6%. No mês passado, o Bankia, quarto maior banco do país, pediu uma ajuda de 19 bilhões de euros ao governo, o que tem gerado incertezas entre investidores sobre a solidez do sistema financeiro espanhol. Recentemente, rumores de uma possível venda de 30% a 40% do Santander no Brasil para o Banco do Brasil, em um primeiro momento, e para o Bradesco, logo em seguida, repercutiram em jornais e sites brasileiros, apesar de as negociações terem sido negadas por executivos dessas instituições financeiras. O Santander já vendeu uma parte de seus ativos no Chile e se desfez de sua filial colombiana, conseguindo cerca de US$ 2 bilhões para reforçar sua posição na Espanha, onde a inadimplência está crescendo. O banco BBVA anunciou no mês passado que pretende liquidar total ou parcialmente seus fundos de pensão no Chile, Colômbia, Peru e México. Para Colmerauer, tais iniciativas indicam que a América Latina e o Brasil, em especial, podem ser afetados por um possível acirramento da crise espanhola, não só por uma redução do comércio bilateral, mas também pela saída de divisas.

Nenhum comentário: