sábado, 9 de junho de 2012

Auditoria aponta desvio de R$ 100 milhões no BNB

Às vésperas do julgamento do escândalo do Mensalão do PT, a Controladoria-Geral da União descobriu um novo esquema de desvio de recursos no Banco Nacional do Nordeste (BNB). A auditoria feita pela CGU e pelo próprio banco detectou fraudes de R$ 100 milhões na liberação de crédito para a compra de carros, máquinas e para a realização de investimentos. Os recursos foram disponibilizados para empresários ligados ao PT do Ceará. Para comprovar que usavam corretamente o dinheiro liberado pelo banco, os empresários entregavam ao BNB notas fiscais falsas. Empregados do banco faziam laudos garantindo ter visto os carros ou máquinas que não existiam, aceitavam as notas falsas e até adulteravam e-mail de outros funcionários. O dinheiro era liberado pelo banco. A suspeita é que dez militantes do PT cearense estejam envolvidos no esquema ilegal de desvio de recursos. De acordo com a auditoria da CGU e do próprio BNB, a empresa dos cunhados do atual chefe de gabinete do banco, Robério Gress do Vale, recebeu cerca de R$ 12 milhões. Vale foi o quarto maior doador como pessoa física para a campanha de 2010 do deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente do PT, José Genoíno (é aquele mesmo cujo assessor foi preso com dólares na cueca no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo). Grande parte da campanha de Guimarães foi financiada por funcionários e ex-funcionários do BNB. Guimarães foi seu maior doador, na categoria pessoa física. Em seguida, vem José Alencar Sydrião Júnior, diretor do BNB e filiado ao PT. A terceira é do também petista Roberto Smith, ex-presidente do banco. O atual presidente do BNB, Jurandir Vieira Santiago, vem em 11º. Esta é a segunda vez, em sete anos, que o BNB é alvo de denúncias de fraudes, envolvendo o nome de Guimarães. Em julho de 2005, no auge do escândalo do Mensalão do PT um assessor do então deputado estadual José Guimarães foi detido pela Polícia Federal, no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, com US$ 100 mil em espécie, escondidos na cueca. Na ocasião, as investigações apontaram que os "dólares na cueca" eram propina recebida pelo então chefe de gabinete do BNB e ex-dirigente do PT, Kennedy Moura, para acelerar empréstimos no banco. A auditoria da CGU detectou que a maioria das operações fraudulentas no BNB ocorreu entre o final de 2009 e início de 2011. Somados, os valores dos financiamentos chegam a R$ 100 milhões, e a dívida com o banco a R$ 125 milhões. O promotor do caso, Ricardo Rocha, foi enfático ao afirmar que vê grandes indícios de um esquema de caixa dois para campanhas eleitorais. As investigações revelaram que a MP Empreendimentos, a Destak Empreendimentos e a Destak Incorporadora conseguiram financiamentos na ordem de R$ 11,9 milhões. Elas pertencem aos irmãos da mulher de Robério do Vale, Marcelo e Felipe Rocha Parente. Auditoria do próprio BNB apontou que as três empresas fazem parte de uma lista de 24 que obtiveram empréstimos do banco com notas fiscais falsas, usando laranjas ou fraudando assinaturas. As empresas foram identificadas após a denúncia feita por Fred Elias de Souza, um dos gerentes de negócios do Banco do Nordeste. Souza soube do esquema na agência em que trabalhava e decidiu procurar o Ministério Público, em setembro do ano passado.

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