terça-feira, 19 de junho de 2012

O petismo é a profissionalização do malufismo. Ou: PT transformou em teoria aquilo que Maluf fazia quase por instinto e compulsão

Do jornalista Reinaldo Azevedo - Percebi bastante cedo — e sei porque estive por lá quando, quase menino, ainda pensava como menino, para citar Paulo, o de Tarso, não o Maluf — que o petismo nada mais era do que a profissionalização do malufismo. Já escrevi alguns textos a respeito. O já quase lendário — uma má lenda! — ex-governador de São Paulo e ex-prefeito da capital é, por assim dizer, um romântico quase solitário nas artes em que o PT se profissionalizou. Maluf sempre teve a sua turminha e nunca tentou transformar em categoria política aquilo em que é mais hábil, se é que vocês me entendem… Se Maluf é do tipo que ainda nega os malfeitos que trazem a sua marca, os petistas são aqueles que os admitem, mas com uma ressalva: fazem o que fazem para o bem dos brasileiros e da humanidade, entenderam? Nesse sentido, o petismo consegue ser mais nefasto do que o malufismo. Maluf sabe que a corrupção é moralmente condenável e, por isso, sempre negou que seja corrupto. Os petistas transformaram a corrupção numa mera questão de ponto de vista. Notem que, na política, Maluf não deixará herdeiros. O petismo, por sua vez, contaminou todo o sistema. A história não está sendo irônica, não, ao juntar essas duas forças. Ao contrário: há coerência absoluta. Vocês já assistiram ao magistral “Era Uma Vez no Oeste”, de Sergio Leone? Se não, corram hoje mesmo à locadora ou baixem o filme aí no micro. Trata daquele período em que bandoleiros personalizados são literalmente substituídos pela máquina. Na transição de uma fase para a outra, os pistoleiros antigos ainda prestam alguns serviços aos novos. É bem verdade que, no filme de Leone, o que se vê é a marcha bruta do que acaba resultando em progresso. No Brasil, estamos assistindo é à união de dois reacionarismos.

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