quarta-feira, 13 de junho de 2012

Parceria Shell-Cosan desiste de comprar cana de açúcar de terras indígenas


A Raízen, gigante brasileira do setor sucroalcooleiro, formada pela união das empresas Cosan e Shell, confirmou nesta quarta-feira que firmou um acordo com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) pelo qual se compromete a não mais comprar cana de açúcar cultivada em áreas pertencentes a comunidades indígenas. A decisão ocorre em meio à polêmica envolvendo a reserva indígena Guyraroká, pertencente à tribo guarani, no município de Caarapó, no Mato Grosso do Sul. Em maio de 2010, o Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul acusou a Cosan de adquirir cana de açúcar cultivada ilegalmente na reserva indígena Guyraroká, que havia sido delimitada um ano antes pelo Ministério da Justiça por meio de uma proposta reivindicada pela Funai. Na ocasião, a Cosan negou que era proprietária de lavouras localizadas na comunidade, mas admitiu que comprava a matéria-prima de um fornecedor da região de Dourados, a Nova América S.A. Agrícola. A Nova América, por sua vez, arrendava as terras de fazendeiros locais, onde cultivava a cana de açúcar, segundo a Raízen. Por mais de uma década, as propriedades, que pertenciam legalmente à União, foram objeto de ferrenha disputa entre empresários e índios. Os fazendeiros alegavam que haviam arrendado as terras dos índios. O Ministério Público Federal, entretanto, caracterizou tal prática como ilegal, e acrescentou que os índios recebiam um valor irrisório pelo arrendamento. Para o órgão, a participação deles, segundo verificado no inquérito policial, era de somente autorizar o cultivo, ainda que criminoso. Na denúncia, o Ministério Público Federal também pedia que fossem vetadas as linhas de financiamento público à Cosan e a outras empresas que comprassem ou cultivassem matérias-primas de áreas indígenas demarcadas.

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