domingo, 1 de julho de 2012

Investigação diz que Edemar usou recurso do Banco Santos

A massa falida do Banco Santos apresentou documentos à Justiça mostrando que o dinheiro gasto pelo ex-controlador Edemar Cid Ferreira na construção de sua casa e em sua coleção de obras de arte foi desviado do banco. A instituição foi liquidada em 2005 com rombo de R$ 2,3 bilhões. Condenado a 21 anos de prisão por crimes como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e gestão fraudulenta, Edemar está em liberdade provisória e luta na Justiça para conseguir a retirada do processo da falência do Banco Santos das empresas que administram o patrimônio de sua família. No processo, ele diz que o dinheiro era de Márcia Cid Ferreira, com quem é casado com separação de bens. A investigação de documentação em paraísos fiscais foi feita pela empresa OAR, contratada pela massa falida, que concordou em pagar 30% de tudo o que ela conseguir repatriar. Em troca, a OAR arcou com os custos judiciais em Miami (EUA) e na Suprema Corte do Leste do Caribe. A Justiça brasileira autorizou a contratação. No Exterior, a OAR obteve autorização judicial para a quebra do sigilo, e os escritórios que fazem a custódia das “offshores” tiveram de entregar documentos sem avisar Edemar Cid Ferreira. Ao todo, são quase 7.000 páginas de contratos, declarações de beneficiários, comprovantes de operações, e-mails e correspondências. A OAR afirma ter rastreado 20% do dinheiro que saiu do Banco Santos por meio de operações simuladas e foi parar na conta da Alsace Lorraine, ”offshore” que, depois, “distribuía” esse dinheiro para outras “offshores”. Edemar afirma que a Alsace foi aberta por ele para captar recursos no Exterior e era administrada pelos diretores do banco. Segundo a OAR, essa “offshore” pagou despesas pessoais do ex-banqueiro como a construção de sua casa, em São Paulo, e uma fatura do cartão de crédito de Edemar no valor de US$ 28 mil. A Alsace também pagou US$ 5,7 milhões ao arquiteto americano Peter Marino (responsável pelo projeto da residência do ex-banqueiro) e comprou mais de uma centena de obras de arte. A investigação revela que, em 2003 e 2004, a Alsace repassou US$ 304 milhões para 21 “offshores” que, ainda segundo a OAR, eram controladas direta ou indiretamente por Edemar. Uma delas foi a Blueshell, que pertence à mulher de Edemar. No documento, ela diz que os recursos eram provenientes do marido, controlador do Banco Santos. A Blueshell recebeu US$ 56,6 milhões da Alsace. O dinheiro entrava no Brasil como aumento de capital na empresa Atalanta Participações e Propriedades, dona da casa de Edemar, em uma conta que ela tinha no próprio Banco Santos. A massa falida também descobriu duas empresas cujos bens serão herança dos três filhos de Edemar. Em uma delas, apareceram ações das empresas que controlam a mansão, as obras de arte e os prédios onde funcionavam o banco e a corretora. Há também uma conta no UBS, na Suíça, com US$ 4,4 milhões já bloqueados pela Justiça. Edemar Cid Ferreira negou que seus bens pessoais sejam fruto de desvios do banco. Disse que a investigação da OAR é “ilegal” e nada prova.

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