segunda-feira, 2 de julho de 2012

"A licitação estava marcada", diz promotor, sobre investigação que prendeu ex-prefeito

Uma operação do Ministério Público prendeu três pessoas suspeitas de participar de um esquema que fraudaria a licitação para privatização do serviço de água e esgoto em São Luiz Gonzaga, nas Missões. Entre os detidos, o ex-prefeito da cidade, Vicente Diel (PSDB), o ex-assessor jurídico da prefeitura, Cláudio Cavalheiro, e o ex-secretário de obras e candidato a prefeito pelo PSDB, Dilamar Batista. O esquema começou a ser apurado em outubro de 2011, por acaso. A Polícia Civil investigava uma quadrilha suspeita de tráfico de drogas, quando interceptou um telefonema entre uma servidora da prefeitura de São Luiz Gonzaga. Na conversa, ela contava que Cavalheiro havia comentado na prefeitura que ganharia uma "bolada" caso o Consórcio Nova Missão vencesse a licitação. Para o Ministério Público, era Cavalheiro quem estaria manipulando o esquema, e seria orientado pelo então prefeito Vicente Diel, afastado em abril deste ano pela Câmara de Vereadores após condenação criminal por tentar influenciar licitação de transporte escolar em 2005. A licitação para contratar a empresa que substituiria a Corsan nos serviços de saneamento começou a ser realizada em 2009 e foi interrompida diversas vezes em função de irregularidades no processo. Este ano, foi reiniciada, mas novamente suspensa pelo atual prefeito, Mário Meira (PP), que assumiu o cargo com a saída de Diel. "Flagramos diversos encontros entre representantes da prefeitura, integrantes da assessoria que organizava a licitação e representantes de empresas ligadas ao consórcio. Eles se comunicavam sobre todos os passos do processo. Foi uma licitação marcada", explica o diretor da Promotoria Especializada Criminal, Flávio Duarte. Outros indícios foram apontados pelo Ministério Público. Uma advogada contratada pela prefeitura seria casada com o funcionário de uma empresa ligada indiretamente ao Consórcio Nova Missão. Além disso, após ser afastado do cargo, Diel teria procurado emprego em uma das empresas do consórcio. "Descobrimos que o mesmo pode estar acontecendo em outros municípios, nas licitações para serviços de saneamento", afirma o promotor.

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