quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ministros reagem à corregedora e dizem que pressão do mensalão não é diferente

Três ministros do Supremo Tribunal Federal reagiram nesta terça-feira às declarações da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, segundo as quais a Corte será julgada pela opinião pública durante a avaliação do processo do Mensalão do PT. "Quem é ela para dizer que seremos julgados? O Supremo não é passível de sugestões, muito menos de pressões", disse o ministro Marco Aurélio Mello. "A toda hora estamos sendo julgados. Não é só nesse caso", afirmou o colega Gilmar Mendes. "O Supremo tem que estar acima dessas paixões passageiras", disse o também ministro Luiz Fux. Os 11 ministros do Supremo começam a julgar o maior escândalo do governo Lula a partir de 2 de agosto. Entre os 38 réus estão José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, José Genoino, presidente do PT à época, e Duda Mendonça, marqueteiro da campanha lulista de 2002. A corregedora deu suas declarações sobre o julgamento na segunda-feira, em São Paulo. "Há por parte da Nação uma expectativa muito grande e acho também que o Supremo está tendo o seu grande julgamento ao julgar o Mensalão", disse Eliana: "Hoje, os ministros têm, sim, uma preocupação porque o País mudou e a população está participando". Marco Aurélio foi duro na crítica à Eliana: "Uma corregedora-geral chegar ao ponto de dizer que seremos julgados não contribui para o engrandecimento das instituições, evoca uma pressão. O que se espera, de fato, é que o julgamento fique exclusivamente restrito ao que os autos contêm. Manifestações desse tipo criam toda uma excitação". Marco Aurélio disse ainda que "a opinião (de Eliana) é amplamente dispensável": "Ela enfraquece as instituições aos olhos dos leigos. O STF será julgado pelo julgamento do mensalão? É olvidar a missão do Supremo. Esse é o estilo dela, fala o que pensa. Mas, às vezes, o que se pensa não é o desejável em termos de extravasamento". Gilmar Mendes disse que a as manifestações de cunho político que têm o Supremo como alvo são rotineiras: "O que interessa é o que está nos autos".

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