segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pesquisador afirma que alardeado fim do petróleo é um mito

Um estudo recém-publicado sobre o volume das reservas de petróleo, e as novas descobertas no mar, nas rochas e nas areias, está causando alvoroço no mundo acadêmico. Intitulada “Petróleo - A nova Revolução”, a pesquisa feita pelo pesquisador italiano Leonardo Maugeri afirma categoricamente que não só o fim da era do petróleo está longe, como o aumento da capacidade de produção alcançará quase 20% nos próximos oito anos, uma taxa de crescimento que não se vê desde a década de 1980. Isso significa, nas contas do pesquisador, que o mundo poderá produzir 110,7 milhões de barris de petróleo por dia em 2020. Maugeri redigiu o relatório durante o ano sabático que tirou para estudar na Universidade de Harvard. Até então, o italiano era um dos altos executivos da petrolífera ENI, a maior empresa do setor em seu país. “Ao contrário do que a maioria das pessoas acredita, a capacidade de fornecimento de petróleo está crescendo mundialmente a níveis sem precedentes, e que poderão até superar o consumo”, diz em seu estudo. A argumentação de Maugeri é calcada em dois pontos que se interligam. O primeiro é a descoberta de novas reservas no mundo ocidental (não apenas de petróleo convencional, como é o caso do encontrado na camada pré-sal brasileira, mas também de jazidas de gás da rocha xisto, nos Estados Unidos, e as areias betuminosas do Canadá). Todas elas são novas formas de petróleo encontradas na natureza, e que diferem do líquido negro e pastoso jorrando da terra. Tais reservas correspondem às chamadas fontes não convencionais do combustível fóssil, que exigem avançados processos tecnológicos e químicos para sua extração. Isso leva ao segundo ponto defendido pelo pesquisador: de que o surgimento de fontes não-convencionais fará com que o Ocidente transforme-se no novo “centro de gravidade” da produção e exploração de petróleo global, diminuindo a dependência da oferta proveniente do Oriente Médio. Segundo o pesquisador, estima-se que haja no planeta 9 trilhões de barris de combustível fóssil não-convencional. O mundo tem capacidade para produzir, atualmente, 93 milhões de barris por dia, ou 34 bilhões de barris/ano. Maugeri não sugere que o Iraque ou a Arábia Saudita terão queda em sua capacidade de produção. Ao contrário. As perspectivas para ambos os países são de um acréscimo de 6 milhões de barris/dia de petróleo até 2020. Contudo, graças ao avanço da oferta no Ocidente, ele argumenta que mundo ficará menos sujeito à volatilidade de preço do barril trazida por questões geopolíticas que afetam os países árabes. “Isso fará com que a Ásia seja o mercado de referência para o petróleo árabe e a China se transforme em nova protagonista nas questões políticas da região”, afirma o pesquisador. Para os Estados Unidos, Maugeri estima que a capacidade de produção passe, dentro de oito anos, dos atuais 8,1 milhões de barris/dia para 11,6 milhões de barris/dia. Em outras palavras, o país deve desbancar a Rússia e se tornar o segundo maior produtor de petróleo. Os sauditas seguirão na liderança. No caso do Brasil, Maugeri prevê que a capacidade de produção deverá sair de 2 milhões de barris/dia para 4,5 milhões de barris/dia em 2020 devido à exploração do pré-sal.

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