quinta-feira, 5 de julho de 2012

Pilotos do Airbus A330 da AirFrance nunca entenderam que o avião estava caindo, diz perito

O relatório final sobre o vôo AF-447 foi apresentado a familiares nesta quinta-feira, pelo BEA, Escritório de Investigações e Análises para a Aviação Civil da França. De acordo com o documento, resultado de uma segunda perícia sobre o acidente que deixou 228 mortos em 2009, uma combinação de fatores humanos e técnicos é responsável pela tragédia. O investigador chefe Alain Bouillard disse que os dois pilotos que estavam no controle nunca entenderam que o avião estava caindo. Ele afirmou que a tripulação não teve controle nenhum da situação durante a emergência. A perícia mostra que a tragédia foi ocasionada por erro de pilotagem, problemas técnicos, treinamento inadequado e supervisão fraca. Em função disso, a BEA fez 25 recomendações sobre segurança, incluindo um treinamento melhor para os pilotos, com base nas falhas cometidas no vôo 447, e alterações no design do cockpit. Com o documento, a BEA confirma as descobertas anteriores, de que a tripulação lidou erroneamente com a perda de leitura de velocidade, ocasionada por sensores defeituosos que ficaram congelados com a turbulência sobre o sul do Atlântico. A aeronave mergulhou na escuridão por quatro minutos em uma parada aerodinâmica enquanto suas asas buscavam ar, e os pilotos não conseguiram reagir aos repetidos alarmes de paralisação, de acordo com registros do vôo recuperados dois anos após o acidente. "O acidente resultou de um avião ter sido retirado de seu ambiente operacional normal por uma equipe que não tinha entendido a situação", disse o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec. O relatório também descobriu que os sensores de velocidade dos A330, chamados de sondas pitot e desenhados pela francesa Thales, só foram atualizados após o desastre. O relatório instou a Airbus a rever o sistema de alerta de paralisação da aeronave após críticas ao comportamento do alarme quando o avião estava em mergulho de 38.000 pés. Também pediu uma revisão na maneira como a indústria da aviação e as companhias aéreas da França são supervisionadas. O Airbus A330 que fazia o vôo AF-447 caiu sobre o Atlântico após decolar do Rio de Janeiro, na noite de 31 de maio de 2009, com 228 pessoas a bordo. Barbara Crolow, uma alemã que perdeu o filho no acidente, disse que está "desapontada", pois acha que o relatório foca demais no erro humano. O piloto Gerard Arnoux defendeu as ações dos comandantes do Airbus A330 da Air France: "Um piloto normal, em uma companhia aérea normal, segue os sinais do sistema, que diz para ir para esquerda, direita, para cima ou para baixo".

Nenhum comentário: