quarta-feira, 4 de julho de 2012

Pilotos franceses condenam agência por ineficiência em evitar tragédia do Airbus da AirFrance

O principal sindicato de pilotos da companhia aérea Air France, o SNPL, divulgou nesta quarta-feira um comunicado em que condena a Agência Européia de Segurança Aérea (AESA) por ter "se negado" a participar das investigações judiciais que apuram as responsabilidades pelo desastre do Airbus da AirFrance que fazia o vôo AF 447, em 2009. A agência é o órgão que fiscaliza a certificação das sondas de velocidade usadas nas aeronaves européias, as sondas pitot. "O SNPL se revolta de ver que a AESA, o organismo responsável pela certificação das sondas pitot, cujo congelamento é a causa inicial do acidente, se recusa a trazer a sua colaboração à juíza de instrução e aos especialistas na investigação", afirma o texto do sindicato majoritário. Os pilotos pedem "uma ação firme" das autoridades francesas "para que a AESA não se exima das suas responsabilidades sob a desculpa de uma falaciosa imunidade européia". A nota foi emitida após a entidade tomar conhecimento do relatório da Justiça francesa, que foi entregue aos advogados dos familiares das vítimas na última segunda-feira. O documento judicial, conforme os representantes dos pilotos, aponta como culpados pela tragédia "a concepção do avião, os procedimentos utilizados no A330 no momento do acidente, a formação da tripulação pela companhia (Air France), o funcionamento imperfeito da tripulação face à situação e os defeitos gritantes no acompanhamento, pelas autoridades, dos múltiplos incidentes similares anteriores ao acidente". O voo AF 447 caiu no oceano Atlântico enquanto realizava a rota Rio de Janeiro-Paris, na noite de 31 de maio de 2009. Dos 228 mortos, 58 eram brasileiros. Os familiares das vítimas do acidente já estão em Paris para ouvirem as conclusões do BEA. Na sexta-feira, foram convidados para uma reunião com o ministro francês dos Transportes, Frédéric Cuvillier. No dia 10 de julho, será a vez de se encontrarem com a juíza responsável pelo caso, Sylvia Zimermman. "Aí, sim, vamos saber o ônus penal sobre a Airbus e a Air France, ambas co-responsáveis diretas pela tragédia", declarou o diretor-executivo da associação de familiares brasileiros, Maarten Van Sluys. Antes mesmo de as caixas-pretas do AF 447 serem localizadas no fundo do oceano, a Justiça francesa já dispunha de um relatório independente no qual as responsabilidades da fabricante Airbus, da companhia Air France e das autoridades de segurança aérea no acidente se mostravam evidentes. O documento foi o argumento para um processo contra as duas empresas ser aberto por homicídio involuntário. O estudo, que faz parte do inquérito judicial, tem 177 páginas e foi elaborado no ano passado por cinco especialistas judiciários - entre eles, consultores aeronáuticos e ex-pilotos. Os investigadores ouviram os 22 pilotos envolvidos em nada menos do que nove vôos da Air France que sofreram panes semelhantes à registrada nas sondas pitot do AF 447, em aviões Airbus, desde 2008, um ano antes do acidente. O voo AF 447 da Air France saiu do Rio de Janeiro com 228 pessoas a bordo no dia 31 de maio de 2009, às 19h (horário de Brasília), e deveria chegar ao aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília). Às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio. A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). Depois disso, não houve mais qualquer tipo de contato e o avião desapareceu em meio ao oceano.

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