sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Barbosa retoma na segunda-feira voto sobre gestão fraudulenta no Banco Rural

O julgamento do Mensalão do PT será retomado na segunda-feira, com a parte final do voto do relator Joaquim Barbosa sobre as acusações de gestão fraudulenta no Banco Rural. O ministro pediu para interromper a sessão mais cedo nesta quinta-feira, após ler seu voto sozinho por várias horas. Os réus dessa etapa são Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório, todos dirigentes do Banco Rural na época dos fatos. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, a gestão fraudulenta do banco permitiu a alimentação do Mensalão do PT, a lavagem de dinheiro de recursos públicos desviados e a distribuição da verba entre os políticos aliados ao governo, ocultando sua origem. Barbosa pauta seu voto, que tem cerca de 90 páginas nesse capítulo, pela sequência de irregularidades na instituição financeira apontadas pelo Banco Central. Até agora, ele leu apenas 66 páginas e ainda não disse se os réus são culpados ou inocentes. Para o Ministério Público Federal, o quarteto deve ser condenado pelo crime de gestão fraudulenta, previsto na Lei de Combate aos Crimes Financeiros, com pena prevista de três a 12 anos de prisão. Barbosa já listou várias irregularidades na gestão do Rural, entre elas, a concessão de empréstimos milionários ao PT, à SMP&B Comunicação e à Graffiti, sem que os clientes tivessem capacidade financeira para garantir a quitação do débito. “Sobretudo nas operações com o PT, a SMP&B e Graffiti, o Rural não cumpria as prescrições do Banco Central”, disse. O relator também disse que o banco classificou os riscos dos empréstimos de forma equivocada e que, em nenhum momento, sinalizou que iria cobrar essas dívidas, o que ocorreu apenas quando as acusações vieram à tona. “Não houve qualquer interesse do banco em cobrá-los. A afirmação de que os valores emprestados a Valério e ao PT foram cobrados só após o mensalão foi confessada pela própria Kátia Rabello”, disse Barbosa. O ministro ainda informou que o Rural não registrou documentos devidamente, não fez atualizações obrigatórias, renovou empréstimos sem garantia e escondeu documentos que denunciariam as fraudes. “Fica evidenciado que, na época dos exames periciais, o Banco Rural, ao não entregar as informações pedidas ao STF, tentava dissimular sua situação”, observou.

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