segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Ministério Público denuncia tripulação que jogou camaronês ao mar

O Ministério Público Federal em Paranaguá, no Paraná, denunciou os 19 tripulantes do navio Seref Kuru, de Malta, por tortura, racismo e tentativa de homicídio. A tripulação, 17 turcos e dois georgianos, foi acusada de abandonar o camaronês Wilfred Happy Ondobo em alto-mar. O crime aconteceu em junho deste ano e Ondobo foi resgatado a 12 quilômetros do litoral paranaense pelo navio chileno Marine R. Segundo a Polícia Federal, os tripulantes permanecem sob liberdade vigiada em hotéis da cidade e aguardam agora a decisão de um juiz federal que deverá acatar ou não a denúncia. As situações mais complicadas são as de Orhan Satilmis e Coskun Çavdar, primeiro imediato e comandante, respectivamente, do navio. Satilmis foi apontado pelo camaronês como autor das agressões físicas e racismo, enquanto Çavdar apenas por tentativa de homicídio e tortura. Ondobo entrou na embarcação de forma clandestina no Porto de Douala (Camarões). Em seu depoimento, Ondobo afirmou que foi agredido verbal e fisicamente, além de ter sido privado de sono e mantido em uma pequena cabine, antes de ser obrigado a sair do navio, em mar aberto. O homem permaneceu à deriva em um pallet (estrutura de madeira usada no transporte de cargas) por 11 horas. O camaronês revelou que permaneceu escondido por oito dias em pequenos compartimentos até que sua comida e água acabassem. Em seguida, após ser descoberto, ele alegou que levou chutes, tapas e também foi xingado por ser negro. Segundo ele, um dos agressores disse que "não gostava de preto" e que para ele "todos são animais". Ao longo da viagem, o clandestino recebia duas refeições diárias e, à noite, alguns tripulantes batiam na porta e na janela para evitar que ele dormisse. Depois de 11 dias no navio, o camaronês recebeu uma lanterna, 150 euros e 30 dólares da tripulação e foi obrigado a deixar o navio.

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