domingo, 23 de setembro de 2012

Com mau desempenho em capitais, PT tenta afastar impacto do Mensalão

Faltando uma quinzena para as eleições municipais e amargando a pior situação eleitoral em mais de uma década nas capitais, o PT tenta afastar das urnas o impacto do julgamento do Mensalão do PT, em andamento no Supremo, que entrará na fase mais delicada para o partido nos próximos dias, quando começa a análise das acusações contra a cúpula petista do esquema corruptor. Lideranças do PT e de partidos aliados negam que as candidaturas venham sofrendo com a repercussão de condenações no Supremo Tribunal Federal e a constatação, por parte dos ministros da Corte, de que houve compra de apoio político pelo governo do ex-presidente Lula. Para especialistas que acompanham a eleição, é difícil afirmar se o escândalo terá impacto nas urnas na reta final. Eles apontam que o mau desempenho de alguns candidatos vem mais do desgaste dos partidos e do esgotamento de suas propostas locais do que de um fator externo, como o julgamento. "Eu não vejo impacto do julgamento até agora", diz Márcia Cavallari, diretora do Ibope. "Para o eleitor o caso do Mensalão é muito complicado de compreender... e há candidatos do PT ganhando Brasil afora", acrescentou ela, para quem o poder de presidentes da República é limitado nos pleitos municipais. Na quarta-feira, o Supremo decidiu deixar a análise do crime de corrupção ativa para o final do atual capítulo, que trata dos políticos que teriam recebido recursos no suposto esquema de compra de apoio político. Com isso, a cúpula petista - José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares - deve ser julgada na semana anterior ao primeiro turno. Para o professor de Ética e Filosofia da Unicamp Roberto Romano, o impacto da ação em curso no STF "não é tão dramática, profunda e sísmica como a direção do PT e as propagandas do PSDB fazem crer". "Tanto a presidente Dilma quanto Lula estão equivocados ao supervalorizar o Supremo", diz ele, que acredita que a nota divulgada na sexta-feira pela presidente, contestando o uso pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, de seu depoimento como testemunha, foi "desastrosa". Na propaganda eleitoral, o Mensalão do PT virou arma de adversários do PT, artilharia que irá crescer com a perspectiva de condenação por corrupção ativa de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. "Até agora não houve impacto do mensalão nas intenções de voto, vamos ver o que pode acontecer nas próximas duas semanas", afirmou o ministro da Saúde, o petista Alexandre Padilha.

Nenhum comentário: