segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Em tempos de Mensalão, pela primeira vez na história política do Rio Grande do Sul um secretário sentenciado por improbidade administrativa continua no cargo

Do jornalista Políbio Braga - "Algum deputado da oposição cobrou a demissão da secretária Stela Farias ou representou contra ela na Comissão de Ética da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul? Nem pensar. E o que dizem sobre este caso inédito as ONGs, sindicatos, federações, entidades estudantis e a própria mídia? Nada. E no entanto, o governador Tarso Genro mantém no cargo uma secretária condenada por improbidade administrativa - e logo uma secretária da Administração é considerada improba administrativamente, tendo seus direitos políticos cassados e condenada a pagar severa multa pelos malfeitos praticados em Alvorada". E do jornalista Érico Valduga: "Êta mundo velho sem porteira, dizia um personagem de Érico Veríssimo em O Tempo e o Vento (acho que era o capataz do velho Licurgo Cambará), quando lhe contavam um comportamento escandaloso. Então, fim do século XIX e início do século XX, a conduta reta e a probidade dos administradores dos bens públicos eram marcas do chão farroupilha. O que ele diria se vivesse no Rio Grande de hoje, ao saber que o governador Tarso Genro decidiu manter a deputada Stela Farias (PT) no cargo de secretária da Administração do Estado, apesar de condenada pela justiça de Alvorada por improbidade administrativa? Repetiria a expressão favorita, agora com sentido ampliado: mundo velho não apenas sem porteira, mas também sem cercas a delimitar o que é certo do que é errado. Pior, sugerindo à gauchada que o errado pode ser o certo, a depender de interpretação. Vocês sabem, prezados leitores, o que significa improbidade administrativa. É desonestidade na gestão pública. Prefeita de Alvorada, ela mandou aplicar, em junho de 2004, os R$ 3 milhões do fundo de aposentadoria dos funcionários municipais no Banco Santos, obedecendo a orientação nacional de seu partido de reforçar o caixa do banco, que notoriamente estava mal das pernas, e faliu quatro meses depois. Seu dono era ligado ao ex-presidente Lula e a petistas paulistas. Observe-se que o negócio foi realizado contra o parecer expresso dos representantes dos servidores que dirigiam o fundo, os quais denunciaram a ilegalidade ao Ministério Público, autor da representação julgada pelo juiz Roberto Coutinho Borba. Resultado: pela primeira vez, nos cerca de 300 de organização política do nosso Estado, um governante atreve-se a sustentar na direção de uma secretaria (logo daquela que cuida exatamente da probidade administrativa de todos os funcionários) alguém condenado por desonestidade em função pública".

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