terça-feira, 18 de setembro de 2012

FMI dá prazo até dezembro para Argentina arrumar a apuração de inflação e parar com as fraudes

O Fundo Monetário Internacional lamentou nesta terça-feira a falta de avanços da Argentina para melhorar a qualidade das estatísticas oficiais do país e deu outros três meses de prazo, até 17 de dezembro, para o país pôr suas contas em ordem. A diretoria do organismo voltará a se reunir nessa data "e avaliará os passos adicionais a partir da resposta da Argentina, alinhados com os procedimentos do FMI", de acordo com o comunicado. A inflação e até os dados do Produto Interno Bruto (PIB) argentino são motivo de polêmica dentro e fora do país. O FMI pede há mais de um ano para o governo de Cristina Kirchner resolver o assunto. Em fevereiro, o Fundo deu 180 dias a Buenos Aires para resolver o problema, prazo que acabou na segunda-feira. Segundo os regulamentos do Fundo, a Argentina deve responder a essas solicitações antes deste novo e último prazo de 17 de dezembro, a partir do qual pode ser iniciado, primeiro, o mecanismo de censura, e depois, o de sanções. Nenhum país foi sancionado nos 68 anos de FMI por causa da qualidade de seus dados. O FMI, formado por 188 países, realiza avaliações regulares de seus membros como parte de sua monitoração, e a confiança das estatísticas é parte essencial desse processo. Buenos Aires se recusa a aceitar as missões de avaliação do Fundo desde 2006. A Argentina aceitou, contudo, que especialistas do FMI aconselhassem o país sobre como criar um índice de inflação nacional confiável, em um processo que acabou em janeiro, sem resultados visíveis. Analistas privados argentinos e investidores internacionais questionam as cifras do país sul-americano e há iniciativas no Congresso norte-americano para que essa situação acabe em sanções comerciais. Em agosto deste ano, a Argentina apresentava uma inflação de 10% interanual, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). No entanto, esse índice que, na realidade, é o de Buenos Aires e sua periferia, é aproximadamente a metade do que as consultorias privadas projetam e do que a oposição divulga. A divergência entre essas empresas privadas e o Indec ganhou contornos políticos e provocou sanções do governo. "onseguiram um pouco de tempo, mas não acredito que vão tomar uma medida, porque isso implicaria reconhecer uma inflação muito mais alta do que a oficial", considerou Claudio Loser, ex-economista chefe do FMI para América Latina e crítico das posturas do país. A diretoria do FMI pode continuar avaliando a situação a cada seis meses e, se as divergências continuarem, o direito a voto da Argentina pode ser retirado e, finalmente, decretada sua expulsão.

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