sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Marcos Valério e seus sócios irão para a cadeia, verão sol nascer quadrado, vão beber café de canequinha

Após 23 sessões de julgamento do Mensalão do PT, o Supremo Tribunal Federal já condenou o publicitário Marcos Valério de Souza, operador e um dos símbolos do escândalo que assolou o governo Lula, a cumprir uma longa pena trancafiado em uma cela. Marcos Valério, o “carequinha” que emergiu após o estouro do Mensalão do PT em 2005, cumprirá pena pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato. Até o final do julgamento, ainda responderá pelos crimes de formação de quadrilha e evasão de divisas em dezenas de operações fraudulentas. Somadas, as penas já imputadas a ele ultrapassam oito anos de prisão, o que obriga o cumprimento em regime fechado. O tempo que ficará trancafiado será muito maior devido aos agravantes (chefiar um núcleo do esquema, por exemplo), mas esse cálculo só será feito após o término do julgamento, na chamada fase da “dosimetria”. Além de Marcos Valério, classificado ainda na fase pré-julgamento pelo ministro Joaquim Barbosa como “expert em lavagem de dinheiro”, outros réus já julgados na ação penal do Mensalão do PT correm o risco de ter de preparar a mudança para um presídio federal. Os banqueiros Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, que colocaram o Banco Rural a serviço do esquema criminoso com empréstimos fraudulentos e administração bancária à margem da lei, já foram apenados por gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. As penas mínimas dos dois ilícitos, juntas, chegam a seis anos de reclusão. E eles também podem ser condenados por evasão de divisas e formação de quadrilha. Os réus João Paulo Cunha, deputado federal petista, o ex-diretor do Banco do Brasil, petista Henrique Pizzolato, e os sócios de Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, completam a lista dos já condenados por mais de um crime no julgamento do Mensalão do PT e também devem amargar o cumprimento de pena em reclusão. Elo direto com o núcleo político do escândalo, Marcos Valério deve ter suas atividades ilícitas utilizadas pelo ministro Joaquim Barbosa como argumento na próxima semana para pedir a condenação dos parlamentares que, corrompidos, venderam votos em benefício do governo Lula. O publicitário mineiro foi apresentado ao PT pelo ex-deputado petista Virgílio Guimarães, que levou o operador do esquema criminoso diretamente ao então tesoureiro petista, Delúbio Soares. Os tentáculos do publicitário nas repartições da República foram verificados ainda na intermediação dele para que a banqueira Kátia Rabello pudesse se reunir com o então todo-poderoso ministro da Casa Civil, o petista José Dirceu, e negociar diretamente benefícios da liquidação do Banco Mercantil, de Pernambuco. Esses fatores serão cruciais para os ministros comprovarem a ligação entre o publicitário e parlamentares que, a partir de propinas, venderam seus votos no Congresso.

Nenhum comentário: