segunda-feira, 24 de setembro de 2012

MARCOS VALÉRIO PREPARANDO O CAMINHO PARA A DELAÇÃO PREMIADA, ENTREGANDO LULA E TODO O RESTO DA QUADRILHA PETRALHA

Enquanto sofre seguidas condenações no julgamento do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza calcula os passos e ao mesmo tempo busca uma saída para tentar atenuar possíveis penas. A pelo menos duas pessoas com quem falou na última semana, Marcos Valério reclamou muito pelo fato de o Supremo tê-lo condenado por peculato. O empresário sustenta que não foram utilizados recursos público nas transações. Marcos Valério evitou nos últimos dias aparecer em seu escritório, na capital mineira. Ele foi orientado pelo advogado, Marcelo Leonardo, e pelo amigo e ex-sócio Rogério Tolentino, também réu do Mensalão do PT, com quem divide a sala, a não comparecer ao local para evitar os jornalistas que faziam plantão em frente ao prédio. Quem o viu recentemente, contudo, disse não tê-lo encontrado abatido nem choroso. Marcos Valério dirige o próprio carro, costuma buscar o filho na escola e frequenta a casa de parentes. Recentemente foi à casa de uma prima para assistir a um jogo do Atlético Mineiro, seu time no futebol. Mas vive um drama familiar. Se desentendeu com a mulher, Renilda Santiago, e deixou a confortável casa de ambos no sofisticado bairro da Pampulha, região norte de Belo Horizonte, para morar em um flat. Amigos que foram recebidos por Marcos Valério nos últimos dias disseram que o empresário preferia não assistir ao julgamento do Mensalão do PT pela televisão. Quem acompanha cada segundo das sessões é Rogério Tolentino, que se autodenomina o "elo entre os advogados dos réus" do Mensalão do PT e afirma conhecer cada folha do processo. Mas, na semana passada, o empresário desabafou ao conversar por telefone com o ex-deputado Virgílio Guimarães, petista que assume manter laços de amizade com o chamado "operador do mensalão do PT" e foi responsável por apresentar o então dono das agências de publicidade SMP&B e DNA à cúpula do partido. "Ele já teve um linchamento moral", disse Virgílio Guimarães. "Eu vi ele reclamando por ser condenado por coisas que não fez. Está totalmente indignado, mas com o Supremo, não com o PT", alega o ex-deputado. Entre petistas mineiros, contudo, a matéria da revista Veja, segundo a qual Marcos Valério teria dito a interlocutores próximos e familiares que Lula era de fato o "chefe" do esquema e a movimentação de recursos teria chegado a R$ 350 milhões, foi vista como uma clara ameaça. No partido a reação de Marcos Valério criou "um clima de alerta" por entender que o empresário está "acuado" e sem perspectivas de se livrar da cadeia. Os recados por meio da imprensa sempre foram entendidos como "ameaça" e o partido designou nos últimos anos interlocutores para manter as pontes com o empresário. A defesa do empresário admite que ele poderá recorrer ao instrumento da delação premiada caso seja instaurada uma nova investigação sobre fatos relacionados ao Mensalão do PT. Partidos de oposição anunciaram na semana passada que deverão pedir ao Ministério Público investigações sobre o envolvimento do ex-presidente Lula no Mensalão do PT logo após a conclusão do julgamento no Supremo. "Eventualmente pode acontecer, se houver novas investigações, ou coisa parecida, ou algum outro procedimento, ele pode recorrer à delação premiada", disse o advogado Marcelo Leonardo. Embora juízes criminais observem que não há previsão legal de um procedimento específico para a delação, podendo ela ocorrer até na fase de execução da pena, o advogado afirma que não acredita que seja possível fazê-la na ação em julgamento no Supremo. Pode, sim, e está é a grande tábua de salvação para Marcos Valério. Quando ele foi preso pela Polícia Federal, durante a investigação do Mensalão do PT, Marcos Valério sofreu violação da parte de presos, e foi também agredido fisicamente na penitenciária. Ele sabe que a presença dele em um presídio, cumprindo pena, é a decretação de sua morte, porque é um arquivo vivo. Nesse período de prisão, sua mulher Renilda também foi agredida pelo "segundão" de Lula, Paulo Okamoto, a quem fora exigir soluções. Então, Marcos Valério sabe que a única escapatória seria a delação premiada, com uma redução de pena que evitaria que fosse cumprir a sentença em um presídio, em regime fechado. Mas, agora, a delação premiada, para valer a pena para a Justiça, teria que envolver tudo, mas absolutamente tudo, que sabe, e apontar todos os grandes culpados, a começar por Lula.

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