segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ministro Joaquim Barbosa afirma que Marcos Valério participou de toda lavagem de dinheiro do Mensalão do PT

O relator da ação penal do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, disse nesta segunda-feira que o publicitário Marcos Valério atuou em todas as etapas de lavagem de dinheiro destinados ao esquema. Joaquim Barbosa iniciou a análise do item do processo referente à lavagem de dinheiro. São réus o chamado núcleo financeiro, que seria composto por ex-dirigentes do Banco Rural, e o núcleo operacional, com funcionários e ex-sócios das agências de Marcos Valério, apontado como principal operador do esquema. O relator citou diversas perícias que consideraram que as fraudes no Banco Rural foram "orquestradas", em "total desacordo" com as normas vigentes, com o intuito de impedir o rastreamento da origem, natureza e destino dos recursos, como afirma a denúncia do Ministério Público Federal. Joaquim Barbosa disse que modificações em registros das agências DNA e SMP&B caracterizam "fraude contábil", com conhecimento e assinaturas de Marcos Valério e dois ex-sócios, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach. O relator apontou ainda para a existência de um esquema de triangulação de recursos. "Outra etapa de lavagem de dinheiro foi a simulação de empréstimos bancários", disse Barbosa, que confirmou voto do capítulo anterior, de que o Banco Rural teria simulado transações para abastecer o suposto esquema. Segundo a denúncia, o Banco Rural teria realizado empréstimos simulados que disponibilizaram 32 milhões de reais ao esquema corruptor do PT. Joaquim Barbosa disse ainda que o banco permitiu que saques nominais à SMP&B fossem realizados por terceiros, que eram conhecidos do Banco Rural. "Marcos Valério foi mudando a versão dos fatos de acordo com o desenrolar dos acontecimentos" para explicar a destinação dos saques, disse o relator. A defesa do Banco Rural afirma que todos os saques foram registrados e informados ao Banco Central de acordo com a legislação da época. Este é o terceiro capítulo a ser analisado pela Corte, dos sete itens da denúncia da Procuradoria-Geral da República. Oito réus já foram condenados pelos ministros por envolvimento no suposto esquema de desvio de recursos públicos e compra de apoio parlamentar ao governo, que veio à tona em 2005 e se tornou a pior crise política do governo do então presidente lula.

Nenhum comentário: