sexta-feira, 7 de setembro de 2012

No retorno às atividades, CPI do Cachoeira terá quase 300 requerimentos para analisar

Depois de passar o mês de setembro dedicando-se à análise de documentos e ao cruzamento de dados, a CPI mista do Cachoeira terá que examinar 289 requerimentos quando as reuniões administrativas forem retomadas em outubro. Os requerimentos tratam de novas convocações, requisições de informações e dezenas de pedidos de quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico, inclusive de 12 empresas consideradas "fantasmas" e suspeitas de tem sido beneficiadas com dinheiro público vindo da empreiteira Delta. Segundo a assessoria técnica do PPS, na primeira semana de setembro, o montante apurado de repasse de verbas públicas para essas empresas somava R$ 260 milhões. Entre as empresas que teriam sido beneficiadas pelos desvios de recursos provenientes de contratos com o governo estão SP Terraplenagem, Power Engenharia, JSM Terraplenagem, Soterra Terraplenagem, SM Terraplenagem, MB Serviços e Legend Engenheiros. Todas elas são alvos de requerimentos de quebra de sigilo a serem analisados por deputados e senadores. A lista de solicitações de convocação também é extensa. O ex-ministro das Comunicações e ex-candidato ao governo de Minas Gerais pelo PMDB, em 2010, Hélio Costa, é um dos nomes nesta relação. O pedido partiu do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) e é baseado na denúncia feita à comissão pelo ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, que disse ter sido ameaçado quando o candidato foi lhe pedir indicações de empreiteiras para doação durante a campanha eleitoral de 2010. O relator Odair Cunha (PT-MG), por sua vez, quer ouvir Antônio Pires Perillo, irmão do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Segundo Odair, a Polícia Federal informou à CPI que Antônio, também conhecido como Toninho, teria recebido um rádio Nextel de Carlos Cachoeira na tentativa de evitar grampos policiais. Outro que pode ser convocado é o deputado e ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff à Presidência, José de Filippi Júnior (PT-SP), que teria ido ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) pedir relação de empreiteiras, possíveis doadoras à campanha petista em 2010. A seguir alguns dos requerimentos aguardando votação: dos deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Mendonça Prado (DEM-SE), pedindo a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções S/A (a empresa é apontada pela Polícia Federal como irrigadora de empresas de fachada envolvidas no esquema de corrupção e desvio de dinheiro público do qual fazia parte Carlinhos Cachoeira); do senador Fernando Collor (PTB-AL), requerendo a convocação e a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do jornalista Policarpo Júnior (para o senador, ele teria relações com Carlos Cachoeira que iam além de interesses jornalísticos, incluindo troca de favores, tráfico de influências entre o Grupo Abril e a organização criminosa); do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF), reivindicando a criação de um grupo de parlamentares para conversar com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, para tratar das sucessivas decisões da Corte garantindo o direito dos convocados a permanecer em silêncio; do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), solicitando a convocação da prefeita de Valparaíso de Goiás, Leda Borges, citada em conversas telefônicas entre pessoas tidas como arapongas de Cachoeira; do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), pedindo para ouvir Pedro Duailibi, cunhado do prefeito de Palmas, Raul Filho, e ex-secretário de governo, acusado de atuar pelos interesses da Delta dentro da prefeitura da capital tocantinense; do deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), requerendo a convocação de Valdeir Fernandes Cardoso, acusado pelo contador Gilmar Carvalho de Moraes de ter usado o nome dele indevidamente para abertura de empresas fantasmas (Gilmar e a ex-mulher dele, Sueli Pantoja, já prestaram depoimento à CPI; Sueli, que acabou virando sócia da Alberto & Pantoja Construções, tida como de fachada, também se disse vítima de golpe); do deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), pedindo o depoimento do vereador Elias Vaz, presidente do PSol em Goiânia, que foi flagrado pela Polícia Federal em conversas com Carlos Cachoeira (o vereador reconheceu ser amigo de Cachoeira, mas disse nunca ter atendido os interesses do contraventor goiano); do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), solicitando a convocação do deputado Valdemar Costa Neto, acusado pelo ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot, de ser um defensor dos interesses da empreiteira Delta na autarquia.

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