quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PT cobra mudança no marketing de Haddad

A estratégia de comunicação de Fernando Haddad (PT) virou objeto de desavença entre o núcleo político e o marketing da campanha. Petistas cobram “resposta à altura” aos ataques de José Serra (PSDB) e ofensiva para “desconstruir” o líder Celso Russomano (PRB). O coordenador de comunicação, José Américo, defendeu um tom mais emotivo na TV em reunião realizada na terça-feira. Paulo Alves, da equipe do publicitário João Santana, discordou. Segundo participantes, ele foi voto vencido, mas ainda não há consenso sobre as mudanças necessárias, que terão que ser submetidas ao ex-presidente Lula. A principal cobrança é por uma linha mais agressiva nas inserções de TV, onde Haddad tem sido mais atacado por Serra com referências ao Mensalão do PT. Os petistas não devem mencionar o escândalo, mas vão preparar o candidato para contra-atacar. Também há pressão para contestar as credenciais de Russomanno em defesa dos eleitores mais pobres. A performance de Haddad no debate de terça-feira na TV Cultura foi considerada ruim. Ele ouviu críticas por abrir brecha para Serra acusar o governo Dilma de entregar o Ministério da Cultura a Marta Suplicy para socorrê-lo. A política de comunicação não é a única fonte de divergência na campanha. A centralização de poder nas mãos de João Santana e do coordenador Antonio Donato contraria os petistas. Américo e Donato negam divergências. Haddad recorre sem sucesso à Justiça para tentar esconder que tem o apoio de José Dirceu e Paulo Maluf; diz que ser associado aos dois é… “degradante”! O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, pelo visto, quer disputar o cargo com o apoio de José Dirceu e Paulo Maluf, mas pretende esconder isso do eleitor. O primeiro fez parte do grupo que montou o comando de sua campanha. O outro pertence à coligação e certamente terá uma fatia de poder caso o petista vença. Sabem o que é mais curioso? Haddad também acha esses apoios… “degradantes”. A campanha de Fernando "Kit Gay" Haddad (PT)declarou à Justiça Eleitoral ser “manifestamente degradante” para ele ser associado aos colegas de partido José Dirceu e Delúbio Soares e ao deputado federal Paulo Maluf (PP), que integra sua chapa. A declaração foi feita para justificar ao Tribunal Regional Eleitoral um pedido para que a corte proibisse a exibição de uma propaganda produzida pela campanha de José Serra (PSDB), seu rival. A peça tucana vincula o petista aos três personagens. Nela, Haddad aparece ao lado de fotos de José Dirceu, Delúbio Soares e Paulo Maluf. “Sabe o que acontece quando você vota no PT? Você vota, ele volta”, repete o narrador a cada personagem exibido. “A publicidade é manifestamente degradante porque promove uma indevida associação entre Fernando Haddad e pessoas envolvidas em processos criminais e ações de improbidade administrativa”, afirmam os advogados do petista, Hélio Silveira e Marcelo Andrade. “Haddad não é réu naquela ação penal originária do Supremo. Não pode por isso ter sua imagem conspurcada por episódios que são totalmente estranhos à sua esfera de responsabilidade", dizem dos advogados do PT. O texto diz ainda que “sempre que teve poder de nomeação”, quando era ministro, Haddad “nunca nomeou Delúbio, Maluf ou Dirceu”. A Justiça negou o pedido do PT. O juiz Manoel Luiz Ribeiro afirma que “não se há que falar em degradação e ridicularização quando se estabelece a ligação entre o candidato e outros filiados a seu partido ou a partido coligado, ligação esta de conhecimento público e notório”. “Da mesma forma que um candidato pode ser beneficiado pelo apoio de correligionários bem avaliados pela população, pode ele ser prejudicado pela associação feita a políticos não tão bem avaliados”, conclui o juiz.

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