quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Relator Joaquim Barbosa vota pela condenação de Roberto Jefferson por corrupção passiva

O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão do PT no Supremo Tribunal Federal, votou nesta quarta-feira pela condenação do presidente do PTB, Roberto Jefferson, pelo crime de corrupção passiva. O relator disse que os acusados ligados ao partido, como Roberto Jefferson, o ex-vice-líder Romeu Queiroz e o ex-presidente José Carlos Martinez (morto em outubro de 2003), receberam do PT mais de R$ 5 milhões nos dois primeiros anos do governo Lula. Para o ministro, o repasse a Roberto Jefferson, mesmo ele tendo sido o responsável pelas denúncias de existência do esquema, tinha como objetivo a compra de apoio político. "O réu recebeu recursos oferecendo em troca a fidelidade e o apoio do partido em votações na Câmara", ressaltou ele. Joaquim Barbosa lembrou que o PTB apoiou, nas eleições presidenciais de 2002, o então candidato do PPS, Ciro Gomes, contra Lula (PT). O ministro disse que a defesa do presidente do PTB não conseguiu comprovar a versão de que os R$ 4 milhões recebidos do PT serviram para quitar dívidas de campanha. Segundo ele, Roberto Jefferson recusou-se a informar como utilizou o dinheiro, não há recibo da transferência e não falou sequer quem eram os beneficiários. "Os recursos não se destinaram a pagar despesas de campanha. O acusado Roberto Jefferson distribuiu dinheiro, tal como acusou Pedro Henry e Valdemar Costa Neto de terem feito", afirmou Joaquim Barbosa, referindo-se, respectivamente, ao ex-líder do PP e o ex-presidente do PL (atual PR). O relator disse que o acordo entre o PTB e o PT envolveria o pagamento de R$ 20 milhões. Em 2005, o então tesoureiro trabalhista, Emerson Palmieri, viajou com o publicitário Marcos Valério para Portugal a fim de obter os R$ 16 milhões restantes do acerto. O ex-advogado das empresas de Marcos Valério, Rogério Tolentino, também participou da viagem. O publicitário, segundo o ministro, foi um emissário do PT e Palmieri foi indicado por Roberto Jefferson, a pedido do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. A idéia era a Portugal Telecom antecipar 8 milhões de euros para que os dois partidos pudessem saldar as dívidas da campanha municipal do ano anterior. Joaquim Barbosa disse que Roberto Jefferson sabia da existência do duto de transferência de recursos desde a época em que Martinez presidia o PTB e ele era o líder da bancada na Câmara. Ainda assim, destacou o relator, quando assumiu a presidência do partido, após a morte de Martinez em 2003, passou ele próprio a receber. "Mesmo que, como alega a defesa, o senhor Roberto Jefferson não tivesse aderido à prática periódica de pagamentos, o crime de corrupção passiva estaria cometido", afirmou o ministro, ao ressaltar que o destino dado aos recursos é irrelevante para a caracterização do crime. Para o relator, o repasse dos recursos ao presidente do PTB tinha como "claro potencial" o apoio do partido aos projetos de interesses do governo. O ministro também votou pela condenação do ex-vice-líder do PTB, Romeu Queiroz, pelo crime de corrupção passiva. Ele recebeu R$ 350 mil do esquema montado por Marcos Valério e Delúbio Soares. Queiroz admitiu ter pedido dinheiro ao então ministro dos Transportes, Anderson Adauto, então no PL (atual PR). O ministro votou também pela condenação de corrupção passiva de Emerson Palmieri, ex-tesoureiro do PTB, por ter intermediado os repasses a Roberto Jefferson e Romeu Queiroz.

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