segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Mercado castiga Petrobras por queda no lucro e produção


O fraco resultado no terceiro trimestre e o recuo na produção de petróleo em setembro para o menor nível em mais de quatro anos derrubaram as ações da Petrobras nesta segunda-feira e levantaram dúvidas sobre uma possível recuperação da empresa no curto prazo. A produção da gigante estatal no Brasil recuou para uma média de 1,843 milhão de barris diários de petróleo em setembro, a menor desde abril de 2008, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira. Na sexta-feira, a empresa anunciou uma queda de 12% no lucro líquido do terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2011. Nem mesmo a reversão do prejuízo de 1,3 bilhão de reais no segundo trimestre (o primeiro em mais de 13 anos) melhorou o sentimento em relação a empresa. "Não gostamos dos números da Petrobras. Provavelmente o pior 'set' de dados já visto da empresa e, sem os itens não-recorrentes (do segundo trimestre), vemos manutenção da fraqueza", afirmou em relatório do Credit Suisse. "Operacionalmente não houve melhora, pelo contrário, a performance operacional piorou uma vez que os preços subiram e mesmo assim a rentabilidade caiu. Vai tomar tempo para a empresa conseguir retomar o curso dos números melhores, e até lá não queremos tomar o risco", completou. As ações preferenciais da Petrobras caíram 3,39% no pregão desta segunda-feira, a maior queda diária desde 31 de julho - e fecharam cotadas a 21,35 reais, o menor preço em sete semanas. A analista do Itaú BBA, Paula Kovarsky, ressaltou em relatório que não houve melhorias operacionais na estatal: "Em vez disso, a produção caiu e os custos subiram". Em conferência com analistas e jornalistas para comentar o resultado do terceiro trimestre, a diretoria da Petrobras admitiu dificuldades operacionais, mas afirmou que espera que a estatal cumpra a meta de produção de petróleo em 2012. O diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse ainda que a empresa trabalha com um novo reajuste dos preços dos combustíveis, mas não soube dizer em que data isso poderia ocorrer. O governo petista de Dilma Rousseff permitiu aumento dos preços do diesel em 3,9% e 6%, em junho e julho, respectivamente, e um aumento da gasolina, no final de junho, de 7,83%. Mesmo assim, a estatal continua trabalhando com preços desfasados em relação ao mercado externo. O diretor de Exploração e Produção da empresa, José Miranda Formigli, disse que a expectativa é ter uma produção de 1,94 milhão de barris por dia em outubro e ultrapassar os 2 milhões de barris nos meses de novembro e dezembro, na tentativa de cumprimento da meta dos 2,022 milhões de barris, que tem uma margem de 2% para cima ou para baixo. Mas não há perspectiva de aumento da produção em 2013, de acordo com Formigli. Somente em 2014 haverá um aumento significativo de produção, disse o diretor da estatal. Segundo ele, a queda da produção de petróleo ao longo do ano foi provocada em grande parte em função das paradas nas plataformas. Ele observou que elas foram mais longas do que o planejado. Essas paradas provocaram uma redução na produção de 77 mil barris por dia de petróleo ao longo do terceiro trimestre de 2012. Formigli disse ainda que a queda na produção em setembro também esteve associada a problemas operacionais na P-53 (Marlim), que já foram resolvidos, e também na P-57, que ainda estão pendentes. A produção de petróleo da companhia tem uma taxa de declínio de seus campos maduros de 11% ao ano, em média. Segundo Formigli, esse declínio da produção é compensado parcialmente com a entrada de novos campos e com medidas de aumento da eficiência. A estatal apresentou um aumento de quase 30% nos custos de extração, que passaram de 54 reais por barril, no terceiro trimestre de 2011, para 70 reais por barril em média no período de julho a setembro de 2012, incluídas as participações governamentais. "Maior gasto com pessoal, maiores intervenções em poços e menor produção fazem com que esses custos fiquem maiores", disse Barbassa, diretor financeiro da empresa. Resumindo, dois governos e meio de governos petistas estão destruindo a Petrobras. Ninguém resiste a tanto aparelhamento por tanto tempo.

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