quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Escândalo na CIA barra indicação para o comandante das tropas no Afeganistão


Entre 20 mil e 30 mil páginas de correspondência, em sua maioria e-mails, ligam o comandante das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão, general John R. Allen, 58 anos, a Jill Kelley, de 37 anos, uma das pivôs do escândalo que resultou na demissão de David Petraeus da direção da CIA, agência americana de espionagem, na sexta-feira. Por conta do envolvimento de Allen no caso, revelada durante investigação do FBI, o presidente Barack Obama anunciou nesta terça-feira que sua designação como comandante supremo da Otan estava suspensa até o término de investigações sobre o caso no Departamento de Defesa. O destino de Allen, oriundo do Corpo de Fuzileiros Navais, os marines, cruzou-se com a de Petraeus em 2008. Depois de receber a quarta estrela, de general, ele tornou-se o segundo no Comando Central (Centcom) dos Estados Unidos, o mais importante das forças armadas americanas, sediado na Base Aérea McDill, em Tampa, Flórida. O comandante do Centcom era Petraeus. Jill, uma morena vistosa casada com um cirurgião, frequentava a base como trabalhadora voluntária. Em 2010, Allen assumiu o comando quando Petraeus foi designado comandante da Isaf, a força internacional encabeçada pelos Estados Unidos que sustenta o governo Hamid Karzai, no Afeganistão. Em 2011, Petraeus deixou o Afeganistão para dirigir a CIA, e mais uma vez Allen sucedeu-o. A informação sobre a existência de e-mails entre Allen e Jill partiu de um funcionário do Departamento de Defesa, que pediu para não ser identificado. Jill provocou a investigação do FBI que revelou a existência de uma relação extraconjugal entre Petraeus, 60 anos, e sua biógrafa, Paula Broadwell, de 40 anos, e custou ao general a demissão da CIA. Ela foi ao escritório do FBI em Tampa, em meados deste ano, para relatar um caso de chantagem eletrônica. Ao examinar os e-mails, que a ameaçavam com frases como "Eu sei o que você fez" e "Fique longe do meu homem", os agentes chegaram a Paula e, posteriormente, a Petraeus. O FBI concluiu que Paula estava enciumada por ver em Jill uma rival pelo afeto de Petraeus. Não está claro se Jill e Petraeus tiveram envolvimento amoroso. O adultério é considerado crime militar nos Estados Unidos. No caso da CIA, a questão é vista como perigo para a segurança nacional, já que torna o adúltero um alvo fácil para chantagens. Nesta terça-feira, o secretário de Defesa, Leon Panetta, que antecedeu Petraeus na direção da CIA, informou à imprensa que Allen está sob investigação do FBI por "comunicação inapropriada" com Jill Kelley. Pelo menos parte da correspondência entre Allen e Jill envolveria informações confidenciais. Panetta acredita que é grande a possibilidade de Allen estar de alguma maneira envolvido com o caso de adultério de Petraeus, a quem ele sucedeu como chefe das tropas dos Estados Unidos no Afeganistão.

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