quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Kassab experimenta a delícia, inclusive junto à imprensa, de ser, oficialmente, um homem do regime. Que espetáculo!


Do jornalista Reinaldo Azevedo - O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o mais novo e querido aliado do PT, jantou com a presidente Dilma. Ele já garantiu seu apoio pessoal à reeleição da presidente. O partido ainda não se reuniu e deliberou, mas não tem importância. O pagamento também não foi feito, mas sabem como é política… O que importa são as relações de confiança. E isso estava dado desde sempre, mesmo durante a campanha eleitoral. Fernando Haddad, hoje parceirão do ainda prefeito, fez picadinho — injusto, viu, Kassab? — de sua gestão, mas o chefão do PSD não liga pra essas besteiras. Segundo me contam — não vi porque tudo tem limite… —, em entrevista recente, Kassab atribui a derrota de Serra a alguns fatores, a saber: a) não teria convencido o eleitor de que pretendia mesmo ficar na Prefeitura de eleito; não teria defendido o suficiente a sua gestão… O sistemático trabalho de desmonte de sua administração, exercido ao longo de quatro anos por correntes influentes do petismo, e a agressividade da campanha de Haddad não teriam, então, peso relevante no resultado das urnas. O adesismo é sempre capaz de juízos muito singulares. Vejo agora que o atual prefeito de São Paulo, imaginem!, foi homenageado na Câmara por causa da transparência da administração. Não conheço, confesso, a coisa no detalhe, mas há uma grande possibilidade de ser um prêmio justo, já que a Prefeitura torna públicos dados da gestão que costumam ser amoitados por outros. Essa divulgação, aliás, ajudou a fazer a campanha do PT. Já escrevi diversos textos aqui a respeito e não mudei de ideia: a gestão de Kassab foi muito melhor do que se alardeou. É que critérios intelectualmente delinquentes foram usados por ONGs petistas para medir a administração. Entre outras delicadezas do espírito, obras com 80% de execução ou com 0% entravam na lista das promessas não-cumpridas. Não há quem resista a uma critério assim. Dilma não vai entregar, no que diz respeito à quantidade, as casas prometidas, as creches prometidas, as UPAs prometidas, as quadras prometidas… Quanto lhe atribuiremos de promessas cumpridas? Zero por cento??? O fato de Kassab estar no colo de Dilma, a despeito da forma como foi tratada a sua administração, não me faz mudar de ideia a respeito. Eu tinha sobre a sua passagem pela Prefeitura um juízo bem mais benigno do que o da larga maioria dos coleguinhas da imprensa paulistana. Pelo visto, a se considerar o andar da carruagem, os petistas concordavam comigo, não é?? Só não diziam isso alto porque, para o projeto de poder, era preciso fazer tabula rasa da gestão — afinal, Kassab já estava na rede, o que ficou claro menos de 24 horas depois do desligamento das urnas eletrônicas. Kassab viveu nesta terça um dia de grande vitorioso. Já está, na prática, na base do governo. Se quiser um ministério, terá. Os petistas vão, digamos, respeitar a sua herança na Prefeitura. O que importa é o futuro. Também aquelas franjas extensíssimas do jornalismo companheiro o deixam, agora, em paz. Atacá-lo não é mais uma prioridade porque, agora, ele se mudou para a hostes do bem. Se está com a presidente Dilma, se está com o PT, se está com os companheiros, há de ter qualidades. Nem será preciso fazer mea-culpa a respeito de nada. O que importa agora é o porvir. Kassab, finalmente, se bandeou para o bem, numa era em que, tudo indica, o único pecado que um político pode realmente cometer é fazer oposição. É assim aqui, nos EUA ou em qualquer lugar — fazer oposição, entenda-se, às forças consideradas “progressistas”… O atual prefeito de São Paulo é, agora, mais um progressista. Os petistas e o jornalismo companheiro já podem até começar a reescrever o seu passado.

Nenhum comentário: