quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Parlamentares insatisfeitos entregam relatório paralelo da CPMI do Cachoeira à Procuradoria Geral da República


Insatisfeito com o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, um grupo de parlamentares independentes entregou nesta quinta-feira, ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, representação para que o Ministério Público Federal aprofunde as investigações de dados que não foram analisados pela CPMI. No documento, com 88 páginas, o grupo ainda reitera o apoio a Gurgel e pede o indiciamento de pessoas que, segundo eles, receberam recursos públicos pagos de forma fraudulenta à empreiteira Delta Construção. “Em razão de questões políticas partidárias, a CPMI não avançou. Isso significa que perdemos tempo, e o lixo não foi mostrado à sociedade brasileira. O ideal é a representação e fizemos isso ao entregar o documento ao procurador-geral da República”, disse o senador Pedro Taques (PDT-MT). “A CPMI poderia ter investigado mais, sobretudo, aquelas pessoas fantasmas que receberam milhões de reais da Delta, que recebeu dinheiro do Tesouro Nacional via Dnit”, acrescentou Taques. O então diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, foi exonerado do cargo em meio a denúncias de corrupção. Em depoimento à CPMI, ele disse não renegar sua gestão e que poderia prestar esclarecimentos, inclusive, em uma eventual CPI do Dnit. “Deixei a autarquia sem ter medo do passado”, disse ele ao depor no colegiado em agosto. Na mesma ocasião, sobre a Delta, Pagot disse que esteve em algumas ocasiões com o ex-dono da construtora, Fernando Cavendish, e o representante da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, apontado pela Polícia Federal como um dos integrantes da quadrilha de Cachoeira. De acordo com o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), os governistas na CPMI impediram o aprofundamento das investigações de uma organização criminosa muito maior do que a chefia pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Por esta razão, enfatizou, o grupo de parlamentares elaborou a representação. “Começamos em torno da organização do Carlinhos Cachoeira e descobrimos que há uma organização muito maior, que movimenta volume de recursos extraordinários. Essa organização se espalhou por vários Estados e se apropriou de recursos públicos, dentro do governo federal, particularmente no Dnit”, ressaltou Lorenzoni. Segundo ele, o esquema chefiado pela Delta movimentou cerca de R$ 540 milhões. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que a representação vai ajudar o Ministério Público a continuar as investigações: “Certamente, há informações para que o Ministério Público dê continuidade aos trabalhos". Alvo do relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), que em no parecer final pede que o Conselho Nacional do Ministério Público investigue a conduta do procurador-geral por não ter dado prosseguimento às investigações quando recebeu o inquérito da Operação Vegas, Gurgel volta a dizer que, na ocasião havia apenas fatos “diminutos”.

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