segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

As bobagens autoritárias de Gilberto Carvalho e a resposta de FHC: quase chega ao ponto!


Do jornalista Reinaldo Azevedo - Leiam esta declaração: “Tenho 81 anos, mas tenho memória. Este senhor precisa pelo menos respeitar o passado, até o dele, para não continuar dizendo coisas levianas. Estou cansado de ouvir leviandades de quem está no governo. Aproveita posição do governo para jogar pedra no passado. Herança maldita está ai, recebida pela presidente Dilma”. É uma reação, quase inteiramente correta, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a uma porção de bobagens ditas pelo espião de Lula no governo federal, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e segundo homem mais poderoso no partido, depois do próprio Barbalorixá. Os dois estavam em seminários. FHC fez essa declaração no início de um seminário que o PSDB promove em Brasília sobre as eleições municipais. Por que a fala de FHC é QUASE inteiramente correta? Já chego lá. Vamos ao que afirmou Carvalho, segundo a Folha, para ter provocado uma reação mais dura do ex-presidente – alguns tons acima da entrevista ruim que concedeu à Folha.
Disse o chefão petista:
“Os órgãos todos de vigilância, fiscalização, estão autorizados e com toda liberdade garantida pelo governo. Eu quero insistir nisto: não é uma autonomia que nasceu do nada, porque, antes, não havia essa autonomia. Nos governos Fernando Henrique, não havia autonomia; agora há autonomia, inclusive quando cortam na nossa própria carne (…)”Antes havia engavetador geral da República. Com o presidente Lula nós começamos a ter um procurador com toda liberdade”.
Estupidez
Carvalho confunde a República com uma monarquia absolutista. Não é o “governo que garante” a autonomia da Polícia Federal e do Ministério Público, mas a lei. O secretário-geral da Presidência pretende transformar numa generosidade do lulo-petismo aquilo que a Constituição nos assegura. É uma piada! Quanto ao passado, notem que ele se refere especificamente ao governo FHC. Certamente nas gestões dos agora aliados Collor e Sarney, a República andava nos eixos, certo?
É impressionante que um ministro de estado, que exerce um dos cargos mais importantes da República, se dê a tal desfrute, especialmente quando se descobre um cancro corruptor no coração do governo. Tanto mais constrangedor quando o caso envolve alcovistas, alcoviteiros, alcovitagem, alcovetas, alcovetos… O PT tanto respeitou a autonomia do procurador-geral da República que tentou destruir a sua reputação com uma CPI, que é um instrumento de Estado, já que se trata de prerrogativa de um Poder: o Legislativo.
A reação de FHC
A reação do ex-presidente foi mais contundente do que a sua entrevista meio boba à Folha (ver post a respeito), mas ainda está eivada de senões e considerandos, que se combinam com a dificuldade que tem o PSDB de fazer oposição. Voltemos a dois trechos de sua resposta:
“(…) Este senhor precisa pelo menos respeitar o passado, até o dele, para não continuar dizendo coisas levianas (…). Herança maldita está ai, recebida pela presidente Dilma”.
Duas coisas
Que “passado” respeitável tem Gilberto Carvalho, que o próprio petista deveria ter honrado agora? Ter sido braço-direito de Celso Daniel? Que herança Dilma terá recebido que não tenha ajudado a construir, de sorte que o governo que tem também é fruto do governo ao qual serviu como “gerenta”? O PSDB precisa começar por redescobrir o vocabulário da oposição. Se vai ganhar eleição, eu não sei. Mas ao menos se diz a coisa certa. É melhor do que perder dizendo a coisa errada.

Nenhum comentário: